RESPEITO ÀS COMUNIDADES GERAIZEIRAS DE FORMOSA DO RIO PRETO!
O povo geraizeiro de Formosa do Rio Preto vive um drama permanente: o “Condomínio Estrondo” continua desrespeitando a área tradicional das Comunidades “Cachoeira”, “Marinheiro”, “Cacimbinha”, “Gatos” e “Aldeia”.
De dois anos para cá, a fazenda “Estrondo” vem construindo cercas reforçadas que invadem cada vez mais os fundos de pasto centenariamente usados pelas comunidades geraizeiras, e por famílias posseiras da comunidade do “Arroz” que necessitam “refrigerar” o seu gado nas veredas do Rio Preto durante o verão.
Nos principais acessos às comunidades e em pontos estratégicos de controle, a “Estrondo” segue instalando guaritas com vigias armados, abordando os moradores nativos dentro das suas próprias terras.
Até pouco tempo atrás, as comunidades geraizeiras tinham as chapadas, veredas e brejos do Cerrado como imenso espaço comum. Apesar de muitas privações e sacrifícios encarados por essas populações, ninguém lhes empatava na sua lida livre com as terras, águas e viventes do gerais. Essa gente sabe conviver com o Cerrado, se alimentando dele, se vestindo dele, se curando com as ervas dele, se irmanando com a solidão nele.
Com a chegada da “Estrondo”, tudo mudou. As comunidades tradicionais acabaram sendo tratadas como se fossem agregados da Fazenda. Muitas famílias geraizeiras foram vitimadas por brigas de grilagem, por capangas violentos, por poluição das águas e desmatamento das terras que até então lhes serviam como soltas, base de subsistência e fundos de extrativismo.
Isto não é justo!
Isto não é legal!
Primeiro, todas essas comunidades gozam do pleno direito de posse sobre as áreas que ocupam e usam.
Segundo, as comunidades geraizeiras são amparadas pela “Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais”, decretada pelo Presidente do Brasil no ano de 2007, a qual visa “garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica.” (Art. 3º, I).
Porém, o “Condomínio Estrondo” e seus parceiros não se importam com os direitos das comunidades geraizeiras. Abusam do seu poder econômico e da sua influência política para se imporem com seus interesses. Alegam a necessidade de se prevenirem contra a invasão por parte de invasores terceiros. É puro cinismo, pois sabem perfeitamente que são as comunidades tradicionais que pagam a conta pela ganância desenfreada deles.
DIANTE DISTO, AS COMUNIDADES GERAIZEIRAS CLAMAM PELA SOLIDARIEDADE E PELO APOIO DOS SEUS CONTERRÂNEOS DE FORMOSA DO RIO PRETO!
A região toda conhece a história das comunidades geraizeiras. As pessoas mais idosas lembram do tempo que o arroz e a farinha, vindo em balsas, nos lombos de animais e até nas costas dos geraizeiros, alimentavam o povo de Formosa do Rio Preto. Peixes, carne e pele de caça, frutas nativas, rizinas, óleos, raízes medicinais, trazidos com grande sacrifício e vendidos com pouco ganho, têm servido à população deste município. No presente, Formosa do Rio Preto reconhece a modéstia e a honestidade do povo geraizeiro, que apesar do sofrimento participa ativamente na vida social de Formosa com alegria e pertencimento. – A geração geraizeira de hoje, economicamente um pouco mais equilibrada, colhe os frutos da persistência e bravura dos seus antepassados. Portanto, merece reconhecimento de sua história e respeito aos seus direitos!
Se Formosa do Rio Preto perde as suas comunidades geraizeiras, perderá parte essencial da sua própria história e identidade. “O desaparecimento duma cultura pode ser tanto ou mais grave do que o desaparecimento duma espécie animal ou vegetal”, alerta Papa Francisco na sua recém lançada Encíclica Laudato Si’.
POVO DE FORMOSA DO RIO PRETO! SEJA GRATO E SOLIDÁRIO COM AS COMUNIDADES GERAIZEIRAS! AJUDE-AS A SEREM RESPEITADAS NA SUA CULTURA E NOS SEUS TERRITÓRIOS! EXIJA ATITUDE E AÇÕES DOS ÓRGÃOS COMPETENTES EM DEFESA DOS DIREITOS GERAIZEIROS !!!
Saudações geraizeiras,
Agência 10envolvimento – Barreiras – BA
Formosa do Rio Preto, 22 de dezembro de 2015
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