Dez declarações de políticos que resumem por que 2015 foi louco, por Leonardo Sakamoto

Blog do Sakamoto

Este inenarrável 2015 ainda não acabou, mas a temporada de retrospectivas já começou.

Este blog começa a sua elencando dez declarações de políticos sobre fatos que marcaram o ano. Não são confusas ou engraçadas – caso contrário, Dilma teria um post só para si. São declarações paradigmáticas do que foi o Brasil de 2015 por estarem relacionadas a acontecimentos que tiveram repercussão nacional.

Em tempo: deixei de fora frases do deputado federal Jair Bolsonaro. Seria fácil demais.

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“Estou com ele para o que der e vier.”

Paulinho da Força, deputado federal (SD-SP), sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de receber milhões de dólares de propina através de desvios da Petrobras, de ter escondido dinheiro no exterior e ter mentido sobre isso numa CPI, entre outras coisas.

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“Um dia chegaremos a um estágio em que será possível determinar se um bebê, ainda no útero, tem tendências à criminalidade; e, se sim, a mãe não terá permissão para dar à luz.”

Laerte Bessa, deputado federal (PR-DF) relator do projeto que reduz a maioridade penal, ao jornal inglês The Guardian.

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“Foi um episódio único na minha vida (…) Quem que não tem uma briga dentro de casa?”

Pedro Paulo, secretário de Governo do Rio e pré-candidato a Prefeitura da capital carioca pelo PMDB, tentando explicar porque não deveria ser enquadrado na Lei Maria da Penha por ter agredido a companheira em 2010. Dias depois, surgiu a notícia que ele já havia socado a mulher em 2008.

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“Os índios saíram da floresta e passaram a descer nas áreas de produção.”

Kátia Abreu, ministra da Agricultura, explicando porque seu colegas latifundiários resolveram apostar agora na aprovação da PEC 215 (que tira exclusividade do governo federal nas demarcações). Na mesma entrevista à Folha, aliás, ela também avisou que “latifúndio não existe mais [no Brasil]”.

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“É bom não encarar a Samarco apenas como a que destruiu o rio. Ela foi vítima também.”

Theodorico Ferraço, presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (DEM), sobre a mineradora (controlada pela Vale e a BHP) e o maior desastre ambiental da história do Brasil.

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“Há uma nítida ação política.”

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo (PSDB), desqualificando o próprio ofício de político para tentar desidratar o protesto de estudantes contra o plano de fechamento de escolas e realocação forçada de alunos no Estado.

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“Eu não respeito delator.”

Dilma Rousseff, presidente da República (PT), ao rejeitar as declarações feitas por Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, sobre supostas doações irregulares para a sua campanha.A operação Lava Jato só conseguiu desbaratar o esquema de corrupção graças ao uso de delatores.

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“Foram buscar informações com uma filósofa lá em mil trocentos e pôco (sic) para impor a nós a discussão de gênero. Como pode alguém ser um homem de manhã e mulher à noite? Dizem que isso acontece porque as pessoas sentem uma pulsão (sic). Mas eu digo. É preciso tomar cuidado com essa pulsão, porque isso pode te levar para cadeia.”

Campos Filho, vereador da Câmara Municipal de Campinas (DEM), ao propor uma moção de repúdio “contra a inserção de questão de temática de ideologia de gênero” ao Ministério da Educação por ter usado no Enem a frase “ninguém nasce mulher: torna-se mulher” de um livro da filósofa Simone de Beauvoir (1908-1986).

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“Os dois ministros [Marcelo Castro, da Saúde, e Celso Pansera, Ciência e Tecnologia, ambos do PMDB] foram nomeados por ele [Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara]. E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo [do PMDB] e a mim ligado.”

Michel Temer, vice-presidente da República (PMDB), reclamando por cargos em carta já histórica à presidente Dilma Rousseff.

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“Kátia, dizem por aí que você é muito namoradeira.”

José Serra, senador (PSDB-SP), que atravessou uma conversa em andamento, durante um jantar com a presença de políticos em Brasília, dirigindo o comentário à ministra da Agricultura Kátia Abreu. Pouco tempo depois, ganhou um estrondoso esporro e o conteúdo de um cálice de vinho.

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