“Estamos falando de educação. Não se trata de uma questão de segurança pública”, justifica Julio Cesar Neves
Por Milena Buarque, jornalista da Fepesp, Especial para Ponte
Os números mudam a cada dia. No momento, mais de 150 escolas da Rede Oficial de Ensino do Estado de São Paulo permanecem ocupadas por estudantes e professores (segundo informações da página ‘Não fechem minha escola’), em protesto contra a reestruturação do ensino público imposta pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Relatos de alunos denunciam situações de ameaças, intimidações e violações graves do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Hoje (24), oito estudantes menores de idade foram apreendidos pela Polícia Militar quando tentavam ocupar a escola Firmino Proença, na Mooca. Para o ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves, “a polícia não pode e não deve se envolver no assunto”. “Estamos falando de educação. Não se trata de uma questão de segurança pública”, disse. Em encontro com a Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) para debater o assunto, o ouvidor salientou a importância do trabalho em conjunto com a sociedade.
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo detém o controle social da atividade policial, é uma espécie de ombudsman da segurança pública no Estado. Trata-se de um órgão dirigido por um representante da sociedade civil, cuja principal função é ser o porta-voz da população em atos irregulares praticados pelas polícias Civil e Militar. “Quando a ação da polícia está contra a população, nós também estamos contra essa ação”, disse Fernandes Neves.
A Fepesp e os 27 sindicatos integrantes publicaram uma moção de apoio e solidariedade aos estudantes da Rede Oficial de Ensino do Estado de São Paulo. Segundo o documento, a reorganização pretendida pelo Governo do Estado foi anunciada de forma arbitrária, ignorando a participação de estudantes, docentes e de todos aqueles que compõem a comunidade escolar. Confira a íntegra abaixo:
Nós da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) manifestamos nosso integral apoio e solidariedade aos estudantes da Rede Oficial de Ensino do Estado de São Paulo que, desde o dia 09 de novembro de 2015, ocupam mais de 64 unidades escolares em manifestações contrárias à Reorganização do Ensino anunciada no final de setembro pelo Secretário Estadual de Educação.
A Reorganização pretendida pelo Governo do Estado foi anunciada de forma arbitrária, ignorando a participação de estudantes, docentes e de todos aqueles que compõem a comunidade escolar. Ademais, esta Reorganização é idealizada pela Consultoria Falconi, especializada em “otimizar recursos” e “administrar por metas”, instrumentos próprios da administração privada e que, por isso, promovem um distanciamento ainda maior dos anseios por uma escola pública que promova a emancipação e contribua para eliminar desigualdades históricas.
Assim, o levante dos estudantes pela retomada de suas escolas e contra a reorganização imposta pelo Governo do Estado de SP é expressão de uma reivindicação legítima, visto que o fechamento anunciado de 94 escolas e a (des)organização das escolas por ciclos trará inúmeros problemas, seja pela demissão de trabalhadores docentes e não docentes, seja pelo deslocamento imposto a milhões de estudantes ou ainda pela superlotação de salas de aula.
Somamo-nos aos estudantes, familiares e professores que neste momento encampam lutas em mais de 60 escolas e estamos convictos de que a defesa da escola pública é urgente e passa necessariamente pela suspensão da Reorganização Escolar e pela realização de um amplo debate, com todas e todos que compõem as comunidades escolares, que discuta não apenas a Reorganização, mas a educação pública que se deseja.
Federação dos Professores do Estado de São Paulo e 27 sindicatos integrantes
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Imagem: Ouvidor se reuniu com a Federação dos Professores do Estado de São Paulo hoje (24/11)