Líderes indígenas pediam prazo para obras em aldeias e deixaram reunião. Norte Energia informa que obras estão em fase final de contratação.
Terminou sem acordo a reunião entre lideranças indígenas de nove etnias e representantes do Ibama, Funai, Ministério Público Federal (MPF) e Norte Energia (NE) neste sábado (25) em Vitória do Xingu, no sudoeste do Pará. A reunião discutia o atraso no cumprimento das ações de compensação aos impactos causados pelas obras da usina de Belo Monte, e uma das principais reivindicações dos povos indígenas é a definição de datas para o início de obras nas aldeias. A Norte Energia informou que todas as obras do Projeto Básico Ambiental já estão contratadas ou em fase final de contratação, e de acordo com a empresa, não há nenhum risco das ações deixarem de ser executadas.
Líderes indígenas se revoltaram após as afirmações de Tomás Sottili, representante da Norte Energia, sobre a fase final de contratação de empresas para as obras de postos de saúde e escolas nas aldeias. Sem a definição de prazos, os líderes indígenas se retiraram da reunião. “Nós não ficamos satisfeitos porque a Norte Energia não deu nenhum parecer para nós, então ficamos muito indignados com isso e paramos essa reunião para nós sentarmos e discutir qual a estratégia que vamos fazer”, disse o líder indígena Kroire Xikrin.
Segundo Gilson Curuaia, do Comitê Gestor Indígena, as tribos vão decidir em conjunto a estratégia. “Cada povo vai retornar para suas aldeias com sua indignação e insatisfação, triste por que estamos tentando estabelecer por meio do diálogo as soluções para os conflitos. Depois vamos chamar as reuniões dos caciques com as decisões de cada comunidade. A Norte Energia pode esperar, que o movimento indígena vai dar uma resposta do mesmo nível que a resposta que eles nos deram”, afirmou Gilson.
A Norte Energia soliciou ao Ibama em fevereiro a liberação da licença de operação para que a usina de Belo Monte comece a gerar energia elétrica ainda em 2015. Segundo a Funai, o Ibama ainda não solicitou oficialmente o parecer técnico que vai avaliar as obras já feitas e as ações obrigatórias ainda não cumpridas pela empresa Norte Energia. As lideranças indígenas solicitaram ao Ibama para que a licença não seja liberada até que o plano de melhorias nas aldeias seja concluído.
Segundo o Superintendente do Ibama no Pará, Hugo Américo, as reivindicações das tribos serão levadas para as presidências da instituição e da Funai em Brasília para encaminhar o processo. “Tudo que a Funai colocar em relação ao não cumprimento das condicionantes indígenas, nós vamos considerar isso com certeza, ajustar com a Norte Energia para que ela possa cumprir as condicionantes e atender o que a Funai está dizendo”, disse Américo.
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Destaque: foto capturada de vídeo