Elaine Tavares – Palavras Insurgentes
Em 1500, num 22 de abril, conta a história, chegaram os homens de Portugal nas costas de Pindorama. Vinham em busca de ouro, encontraram gentes. Pessoas de paz, dispostas a ver o outro, sem medo ou estranhamento. Deles, diz Pero Vaz de Caminha, o escrivão:
“Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. …A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos…Os cabelos são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar”. (mais…)
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