Do UOL, no Rio
Em 12 anos, o Estado do Rio de Janeiro registrou 50 mortes de crianças e adolescentes de até 14 anos em decorrência de intervenções de policiais ou de outros agentes da lei, segundo dados do Ministério da Saúde. Os homicídios ocorridos em território fluminense correspondem a 60% do total de jovens assassinados no Brasil entre 2001 e 2012.
De acordo com o governo federal, policiais e outros agentes da lei mataram, nesse período, 84 vítimas em todo o país. O Ministério da Saúde explicou que esses casos ocorreram em intervenções legais, incluindo atos de detenção e outras ações. As circunstâncias de cada homicídio não foram detalhadas.
Na última quinta-feira (2), o estudante Eduardo de Jesus Ferreira, 10, morador do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, morreu após ser atingido por um disparo de arma de fogo na cabeça. A Polícia Civil investiga a veracidade do relato da mãe da vítima, Terezinha Maria de Jesus, e a versão corroborada por outras testemunhas: a de que o tiro teria sido feito por um policial militar quando a vítima estava na porta de casa. Já a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou apenas que o menino foi atingido por um tiro durante confronto entre PMs e traficantes.
A morte de Ferreira não entrou na base estatística do Ministério da Saúde, mas repercutiu com força na mídia e levou o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), a anunciar uma “reocupação” do Complexo do Alemão, onde outras três pessoas morreram também na semana passada. A região do conjunto de favelas conta com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
A DH (Divisão de Homicídios) da Polícia Civil do Rio, que está à frente das investigações, não revelou mais detalhes sobre a investigação. A identidade dos policiais envolvidos na ação também não foi divulgada. Segundo a PM, eles foram afastados do policiamento na rua e respondem a um IPM (Inquérito Policial Militar). As armas foram recolhidas para confronto balístico.
A reportagem do UOL entrou em contato com as assessorias da Polícia Militar do Rio e da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que ainda não se pronunciaram sobre as estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde.
São Paulo tem 13 mortes
No ranking com 13 casos, São Paulo aparece como o segundo Estado com o maior número de mortes de crianças e adolescentes.
Indagado sobre estatísticas regionais, o Ministério da Saúde informou que 64 casos se deram na região Sudeste, quatro no Norte, nove no Nordeste, cinco no Sul e duas na região Centro-Oeste. Os dados são do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).
Imagem: O casal José Maria Ferreira de Sousa e Terezinha Maria de Jesus, pais do menino Eduardo de Jesus Ferreira, mostra a foto do filho morto no Complexo do Alemão (Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Vinicius Valentin Raduan Miguel.
Concordo com o Pezão, a melhor decisão agora é reocupar a favela, para restaurar a paz na comunidade, e não devolver ela nas mãos do poder paralelo.