MAB – Uma comissão de mais de 80 moradores do bairro Independente II de Altamira fez uma verdadeira peregrinação pela cidade na manhã dessa quarta-feira (28 de janeiro). Eles foram ao escritório da Norte Energia, à Casa de Governo e por fim à prefeitura para exigir serem reconhecidos como atingidos por Belo Monte e terem o direito ao reassentamento urbano.
O bairro onde moram está situado na cota 97 (portanto, abaixo do limite previsto para o lago de Belo Monte), no entanto, os moradores nunca foram reconhecidos como atingidos. A Norte Energia afirma que vai tirar todas as famílias da área prevista para o lago na cidade de Altamira até o fim de março, porém a situação dos moradores do Independente II preocupa porque eles sequer foram cadastrados (primeiro passo para ser reconhecido pela empresa). Mais de 200 famílias vivem no local.
Uma moradora havia feito essa denúncia em audiência com o Ministério Público em novembro do ano passado, porém, como nenhuma medida foi tomada, a comunidade decidiu se organizar no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e partir para a luta. Após protestarem em frente ao escritório do consórcio, o grupo foi recebido pelo representante da Norte Energia Amauri Daros na Casa de Governo.
Diante da pressão popular organizada, o consórcio se comprometeu a fazer um estudo sobre a situação da área e apresentar para os moradores dentro de 20 dias em reunião feita no bairro. A prefeitura também se comprometeu a comparecer nessa mesma reunião, uma vez que a Norte Energia busca transferir a responsabilidade à prefeitura pois as famílias estariam morando em “lugar impróprio”.
O prefeito Domingos Juvenil, que recebeu as famílias na prefeitura, por sua vez afirmou que a responsabilidade é exclusivamente da Norte Energia. “Belo Monte não é uma obra da prefeitura, e se vocês querem saber, eu pessoalmente fui contra, preferia Altamira como era antes”, exclamou.
“Estamos exigindo essa reunião desde a audiência do Ministério Público (novembro de 2014), mas a Norte Energia está enrolando, demonstrando que não está interessada. Então, o único jeito foi a comunidade se unir e buscar ajuda do MAB”, afirmou Elaine Cristina, professora e moradora do bairro.
“Hoje foi dado um passo importante porque as famílias se mobilizaram, mas ainda há um longo caminho para garantir o direito ao reassentamento de fato”, afirmou Jackson Dias, militante do MAB.
Foto: Primeira parada dos manifestantes: escritório da Norte Energia. Portão fechado e seguranças para evitar “possível invasão” (que não ocorreu).