Com a experiência de atuar por 11 anos à frente do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência (Nudem), a Defensora Pública Arlanza Rebello, titular do Núcleo do Sistema Penitenciário desde 2012, diz que sua volta ao núcleo significa rever o passado e propor algo novo à Defensoria Pública. No mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, vão ser realizados atendimentos e divulgação dos serviços à população. Confira a entrevista.
O que significa retornar à coordenação do Nudem?
Arlanza Rebello: O retorno ao Nudem significa o desafio de rever o passado e propor à instituição algo novo. Construir uma política institucional de combate à toda forma de discriminação de gênero, onde a violência doméstica é apenas umas das faces e das mais cruéis. Esse é o primeiro caminho e para isso deveremos manter interlocução constante com nossos colegas, fomentando a maior compreensão do tema, o trabalho conjunto, os debates. A capacitação de funcionários e estagiários para lidar com a matéria também é de fundamental importância.
O que está pensando para o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher? Vai haver algum evento ou ação social?
Arlanza Rebello: O mês de março é para nós mulheres, um mês de luta. O dia 8 não é dia de festejos, rosas e presentes, mas um dia de luta contra a discriminação de gênero que faz tantas vítimas. Assim, participaremos, juntamente com a Rede de Serviços de Combate à Violência Contra a Mulher, de um grande evento em praça pública, talvez no Largo da Carioca, de atendimento e divulgação dos serviços colocados à disposição da população.
Que tipo de trabalho pensa em realizar para resgatar a dignidade e a autoestima da mulher vítima de violência?
Arlanza Rebello: Atender com respeito; aprender a ouvir, não prejulgar e prestar um serviço célere e eficaz pode ser o primeiro passo. A Defensoria deve significar, não só para as mulheres que nos procuram, mas para todas as pessoas, um acolhimento respeitoso e a construção de uma solução para a demanda trazida, a partir desse diálogo travado entre parte e Defensor Público. Não há soluções preestabelecidas.
Pensa em realizar algum trabalho específico para desestimular a mulher agredida a colocar fim na ação contra o agressor?
Arlanza Rebello: No combate à violência precisamos entender que somos parte de uma “rede de enfrentamento à violência”, na qual cada um tem seu papel definido. Assim, não cabe ao Nudem a realização de determinada ação para que as mulheres mantenham as ações contra seus agressores. A mulher em situação de violência vive um “Ciclo de Violência” onde o desistir, perdoar, voltar ao convívio faz parte e somente o trabalho constante e integrado desta rede de serviços e instituições poderá ajudá-la a ultrapassar tais obstáculos.