Carta-denúncia dos Ashaninka e Madihá do Alto Rio Envira
Terra indígena Ashaninka – Isolados do Rio Envira
Sr. Antonio Alves, Secretário Nacional da Saúde Indígena.
Nós, Ashaninka e Madihá, do Alto Rio Envira, viemos publicamente denunciar o descaso com a saúde que vem acontecendo em nossa região. Há muito tempo que nossas crianças vêm sendo vítimas de epidemias, com diarreia, vômito, febre e outros tipos de enfermidade. Em nossas comunidades, não existe saneamento básico. Só há um monte de material de construção estragado. Há dois anos a equipe de saúde não sobe para fazer qualquer trabalho na área de saúde. Quando conseguimos chegar com os pacientes até a cidade de Feijó, ficamos a mercê da sorte, não recebemos tratamento adequado, ficamos na beira do barranco, não recebemos combustível de volta e nem alimentação. Choramos as mortes de nossas crianças, que morrem a míngua. A última que morreu foi próximo do Natal, quando a gente vinha descendo a remo em busca de socorro até a cidade de Feijó. Tivemos que enterrar na beira do barranco, nos seringais dos brancos.
Senhor secretário, por ocasião de sua visita ao pólo, entregamos em mão o nosso documento, falando de nossos sofrimentos, e buscamos alternativas.
Feijó, 24 de janeiro de 2012.
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