Estudo destaca situação de vulnerabilidade de crianças indígenas

Karol Assunção

CHILE – “O pertencimento a um povo indígena põe as crianças e os adolescentes em uma situação de maior vulnerabilidade”. Essa é uma das conclusões destacadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social do Chile e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no estudo Incluir, Somar e Escutar – Infância e Adolescência Indígena.

A publicação, elaborada em 2011, apresenta dados da Enquete de Caracterização Socioeconômica Nacional (Casen) referentes à população infantil e adolescente indígena e não indígena entre os anos de 1996 e 2009. As observações destacadas no estudo não são nada positivas para meninos e meninas indígenas, população que representa 8,7% do total de menores de 18 anos de idade no país.

Segundo a pesquisa, a pobreza é uma realidade presente na vida de 26,6% das crianças e dos adolescentes indígenas chilenas. Entre os não indígenas, essa porcentagem cai para 21,7%. O número de lares com crianças que se encontram abaixo da linha da pobreza também é maior entre a população indígena. De acordo com o estudo, 23,1% dos lares com presença da população infantil indígena estão abaixo da linha da pobreza, enquanto que essa situação faz parte da realidade de 17,6% das casas com crianças não indígenas.

“A diferença de pobreza se relaciona estreitamente com a condição de atividade e segurança trabalhista dos chefes de casa. As mulheres apresentam um atraso em matéria de inserção laboral, acentuando-se nas indígenas e rurais. Também a situação contratual é mais instável neste grupo”, revela, destacando ainda a “feminização da pobreza indígena”.

A pesquisa constata que as residências chefiadas por mulheres indígenas são mais pobres e indigentes que as chefiadas por mulheres não indígenas. Além disso, destaca a condição econômica também está relacionada ao gênero do/a chefe/a do lar.

“A média de rendas autônomas dos chefes de lar com população infantil revela uma importante diferença de gênero, em que as rendas são menores no caso das [casas] chefiadas femininas do que das masculinas. As mulheres chefes de lares urbanos com população infantil indígena recebem 78% das rendas que recebem os homens que são chefes de lares das mesmas características. Por sua parte, as mulheres chefes de lares rurais compostos por meninos, meninas e adolescentes indígenas recebem 54% das rendas dos homens que cumprem igual função em lares das mesmas características (indígenas e rurais)”, ressalta.

Além disso, o estudo mostra que as crianças indígenas estão deixando de conhecer sua língua. De acordo com a publicação, 89,4% da população infantil indígena não fala nem entende sua língua originária. Por outro lado, destaca o aumento do acesso à educação tanto para indígenas como para não indígenas.

A educação pré-escolar e o ensino básico apresentam coberturas similares tanto para indígenas quanto para não indígenas. Entretanto, a diferença de acesso à educação entre os dois grupos surge nas etapas de ensino médio e superior. 29,9% dos não indígenas conseguem chegar ao ensino superior; entre os indígenas, entretanto, essa porcentagem não chega a 20%.

“O acesso à educação apresenta um dos desafios mais importantes pois, mesmo com coberturas e o acesso à educação pré-escolar e básica estão garantidos, observa-se um importante abandono escolar por parte dos adolescentes e jovens indígenas, enquanto que as porcentagens de presença diminuem à medida que avançam os níveis educacionais. Também, o acesso à educação superior requer políticas que incorporem nos processos de ensino as particularidades culturais dos povos indígenas, com o objetivo de paliar as diferenças de cobertura, possibilitando um acesso à educação superior com igualdade de condições”, considera.

Confira o estudo completo em: http://www.unicef.org/lac/Incluir_Sumar_y_Escuchar_WEB.pdf

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=10&cod=63947

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