Como os EUA temem os imigrantes

Crescem os sinais de que políticas xenófobas causam prejuízos à sociedade e economia. Mas preconceito regride muito pouco

Por Carolina Mazzi

Uma sondagem divulgada pela Gallup Poll, agência de pesquisas nos EUA, mostrou que a maioria dos americanos não está satisfeita com a presença de imigrantes no país. De acordo com o estudo, 64% dos nativos gostariam de diminuir o número de imigrantes. Ainda assim, é uma redução discreta – quatro pontos percentuais – em relação aos que manifestavam o mesmo ponto de vista na última pesquisa, em Janeiro de 2008.

A pesquisa também mostrou que os partidários do Partido Republicano são os que demonstram maior preocupação em relação aos estrangeiros: apenas 19% deles estavam satisfeitos com o número de imigrantes do país, contra 33% dos democratas e 29% dos independentes.

As políticas anti-imigração adotadas por diversos estados no país já demonstravam uma insatisfação dos norte-americanos em relação aos estrangeiros. Culpando os altos níveis de desemprego e uma “perda de identidade” nacional, diversos políticos utilizavam-se destes argumentos para implementar leis severas e com isso, angariar votos. O que surpreende na pesquisa é que, antes da crise, os americanos demonstravam insatisfação ainda maior em relação aos estrangeiros.

É comum que as políticas em relação aos imigrantes serem mais duras, durante momentos de dificuldades econômicas. Porém, em uma sociedade conservadora como a norte-americana, esta parece ser uma tendência que ultrapassa os limites da economia. Já foi comprovado que os “forasteiros” tendem, ao contrário, a estimular a economia com novos negócios e inovação, e a maioria deles realizam os trabalhos que os nativos não querem. A política de expulsão dos estrangeiros no Arizona, por exemplo, já começa a causar estragos e prejuízos nas colheitas do sul, já que os latino-americanos (principalmente os mexicanos) eram a principal força de trabalho nos campos.

Números ainda apontam um leve, porém crescente esvaziamento no movimento em direção a América do Norte. O número de apreensões feitas na fronteira entre o México e os Estados Unidos, por exemplo, é o menor dos últimos tempos. O crescimento de outras potências tem atraído pessoas para novos rumos, em um movimento que caminha muito mais para uma integração sul-sul. O problema dos imigrantes nos Estados Unidos pode enfim, acabar. Mas é provável que eles lamentem muito mais a perda do que imaginam.

http://rede.outraspalavras.net/pontodecultura/2012/01/20/como-os-eua-temem-os-imigrantes/

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