Grupo de indígenas mexicanos teria se suicidado por fome, denuncia ONG

AFP – Cerca de 50 indígenas rarámuris se suicidaram em dezembro de 2011 na Serra Tarahumara do México pelo desespero de não poder alimentar seus filhos, disse no domingo Ramón Gardea, do sindicato Frente Organizada de Camponeses, embora o governo local tenha desmentido esta informação.

“As mulheres indígenas quando ficam quatro ou cinco dias sem poder dar comida aos seus filhos ficam tristes, e é tanta tristeza que até o dia 10 de dezembro (2011) 50 homens e mulheres, pensando que não têm nada para dar para seus filhos, se jogaram do barranco”, disse Gardea a uma rede de televisão do estado de Chihuahua (norte), onde se localiza a serra Tarahumara.

Diante da falta de alimentos, os indígenas “se jogam do barranco, outros se enforcam”, insistiu Gardea. O líder camponês não informou quando foi registrado o primeiro suicídio dos indígenas, que têm como principais atividades econômicas a agricultura, a caça a manufatura de cestos, além da exploração florestal. (mais…)

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No Brasil dos bandidos de toga, a justiça tarda e falha

Diogo Salles

Depois que a corregedora Eliana Calmon apontou a necessidade de o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) investigar os que ela definiu como “bandidos de toga”, abriu-se uma crise sem precedentes no judiciário. Se a nossa justiça — sempre cega frente à corrupção —, só conseguia levar a julgamento uns poucos membros do legislativo e do executivo, agora é o próprio judiciário que está sob júdice. Claro que nunca houve punições. Vai continuar não havendo. E pouco importa que o corporativismo dos magistrados esteja esvaziando as investigações e vencendo a queda de braço com o CNJ. A questão não é essa. A questão é que a caixa de pandora foi aberta, o debate ganhou as ruas e o judiciário está sob escrutínio da opinião pública. Isso é o que importa.

Particularmente, gostei bastante do termo “bandidos de toga”. Uma definição precisa e que fala alto e claro à nossa brava gente, mesmo àqueles que não conhecem (ou ignoram) as leis desse país. Genericamente, o bandido de toga é aquele que usa a lei contra ela mesma para obter vantagens pessoais através de sua influência dentro de meio jurídico. Agora, se o jargão popular diz que “quem não deve, não teme”, então alguém, por favor, me explique por que os magistrados trabalham com tanto afinco contra o CNJ? Estariam Cezar Peluso, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e companhia ilimitada passando recibo? (mais…)

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Por trás do documento que pautará a Rio+20 oficial

Por trás do documento que pautará a Rio+20 oficialPor Iara Pietricovsky

São 19 páginas, 133 repetições da palavra “sustentável” e 39 do adjetivo “verde”. O documento que servirá de base para os acordos e resultados da Rio+20 oficial da ONU – chamado de rascunho zero (“zero draft”) – foi publicado na última semana, em inglês (veja a versão em português). Seu texto e sua estrutura revelam uma tentativa enfática de estimular práticas menos danosas para o meio ambiente dentro do modelo econômico hoje vigente. Mas não questiona o caráter insustentável desse mesmo sistema de desenvolvimento.

Assim avalia a antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e membro do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20. Claro: a simples constatação de quantas vezes uma palavra é utilizada num texto não permite uma análise aprofundada. No entanto, no caso do rascunho zero do documento final da Rio+20, a insistência nesses termos demonstra uma postura de manutenção do modelo atual de produção e de consumo, no qual o setor privado figura como ator principal.

Nesta entrevista, realizada por telefone poucos dias após a publicação do rascunho zero, Pietricovsky destrincha os muitos equívocos e poucos acertos da publicação da ONU na construção de uma base para as discussões que deveriam, em sua visão, culminar na transformação da economia atual. “Falo a partir da concepção de que, para se promover sustentabilidade, deve-se enfrentar o tema do modelo de desenvolvimento”, explica a antropóloga. “Posição que essa publicação não toma: logo no Preâmbulo [primeiro capítulo], o documento persiste no conceito de crescimento econômico, que em si é contraditório com a ideia de sustentabilidade ambiental.” (mais…)

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A literatura angolana é das mais consolidadas

Por Cláudio Fortuna

Jéssica Falconi é doutoranda em literaturas africanas. A professora italiana apresenta-nos aqui argumentos de força em torno da literatura e crítica literária em Angola, do papel que deve desempenhar as Universidades para o fomento da qualidade literária em Angola

Trabalha na recolha de alguns estudos sobre literatura angolana, gostaríamos que nos fizesse uma apresentação dos objetivos e do seu trabalho concreto.

Atualmente estou a desenvolver um projeto de investigação sobre a crítica e os estudos das literaturas africanas, com enfoque particular na crítica produzida em relação à literatura moçambicana. O meu objetivo é precisamente fazer um levantamento dos trabalhos críticos relevantes que existem na área, para podermos repensar categorias e instrumentos de análise. Gostaria de esclarecer que em qualidade de investigadora mais “nova”, o meu trabalho neste momento é menos proporcionar respostas do que colocar perguntas.

Como avalia as literaturas africanas neste momento?

Não é fácil fazer uma avaliação de conjunto. Cada uma destas literaturas tem um movimento próprio, e também o que se costuma definir de “identidades múltiplas”, no sentido de que cada uma destas literaturas tem dentro de si mundos diversos e o nosso desafios é saber ler esta diversidade. Por outro lado, e de uma maneira geral, acho que a abordagem e o estudo destas literaturas sofrem ainda muitos preconceitos que às vezes afetam negativamente a nossa avaliação. (mais…)

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Fórum Social Temático – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental

CONVOCAÇÃO: Fórum Social Temático – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
24 a 29 de janeiro de 2012 – Porto Alegre e Região Metropolitana
Preparatório para a Cúpula dos Povos da Rio+20

Os povos se colocam em movimento. Occupy Wall Street se espalha pelos Estados Unidos. Protestos e mobilizações indígenas produzem uma grande efervescência na usualmente tempestuosa região andina. Um nível inusitado de atividade de movimentos de massas atinge até mesmo países conhecidos por sua estabilidade social. Em 15 de outubro tivemos manifestações em quase mil cidades de 82 países.

A indignação com as desigualdades e injustiças políticas e sociais aparece como uma marca comum à maioria destes movimentos que questionam o “sistema” e “poder”, se confronta com sua destrutividade e rompem com a passividade das décadas neoliberais. A política de austeridade promete mais miséria e levam os jovens a se mobilizarem por seu futuro. Em todos os continentes, setores antes apáticos se colocam em movimento de forma pacífica, democrática, pluralista, unitária e autônoma em relação ao poder.

Estes movimentos nascem das necessidades e aspirações do presente, depois de três décadas de globalização neoliberal. São mobilizações portadoras de valores como a empatia pelo sofrimento alheio, a solidariedade, defesa da igualdade, busca de justiça, reconhecimento da diversidade, critica a supremacia do mercado sobre a vida, valorização da natureza – ideias centrais para a urgente reconstrução de um novo mundo possível. (mais…)

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Fator previdenciário, fator de discriminação racial

Por Sonia Fleury*

Nas últimas três décadas, a expectativa de vida do brasileiro, hoje de 73,5 anos em média, aumentou 11 anos, um sinal de que é possível aliar o crescimento econômico com o desenvolvimento social do país. Mesmo assim, o Brasil se encontra abaixo da média da América Latina, só superando a África e Ásia.

A queda da mortalidade infantil e a redução da taxa de fecundidade fizeram aumentar a população de idosos acima de 70 anos. A incorporação feminina ao mercado de trabalho urbano, a elevação dos níveis educacionais das mulheres e a ampliação do acesso à rede pública de saúde, em que pesem as mazelas do Sistema Único de Saúde, mudaram a realidade demográfica brasileira e promoveram uma revolução silenciosa nos comportamentos e nas relações sociais.

Mas existem desigualdades abissais. As mulheres menos instruídas da região Norte, as pretas e as pardas, menos escolarizadas e mal remuneradas, apresentam taxas de fecundidade muito acima da atual média brasileira, de 1,94 filhos. Os jovens negros e mulatos morrem mais cedo, dizimados pela violência. A qualidade de vida do idoso varia por raça, pois depende do nível de renda, do acesso aos bens públicos, aos serviços de saúde e à proteção social. (mais…)

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