Construtora recruta haitianos e dribla apagão de mão de obra


Invasão. Haitianos aguardam no Acre legalizar situação no Brasil; país tem índice de desemprego de mais de 60% após terremoto ANNIE MANUELA/ASSESSORIA DE IMPRENSA SEJUDH

Salários oferecidos são de R$ 800; no país de origem seriam de R$ 175

Pedro Grossi

Os imigrantes haitianos, que são um problema social no Acre, podem ser a solução econômica para a falta de mão de obra em outros Estados brasileiros. Ao ver pelo noticiário que muitos haitianos estavam deixando a terra natal para procurar melhores condições de vida e trabalho no Brasil, o gerente de Recursos Humanos da empresa Urb Topo Engenharia, com sede em Contagem, Frederico Morais, viajou até Brasileia, cidade na divisa com a Bolívia e que virou “ponto de acolhimento” dos imigrantes no Acre, em busca de profissionais para preencher vagas há muito pendentes.

“Estamos sofrendo há um tempo por falta de mão de obra, e quando fiquei sabendo que o Brasil estava recebendo esses imigrantes imaginei que seria a oportunidade de fazer um trabalho de relevância social e econômica”, diz.

Os 30 haitianos selecionados pessoalmente por Morais para trabalhar na empresa estão atualmente finalizando o processo de legalização e documentação trabalhista. Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, o governo do Estado está intermediando no Ministério do Trabalho a carteira de trabalho dos haitianos e providenciando, gratuitamente, o transporte deles de Brasileia até a capital Rio Branco e, em seguida, até Porto Velho, em Rondônia.

Frederico Morais conta que os funcionários selecionados já passaram por uma bateria de exames – inclusive teste de HIV – e testes físicos e que no começo da próxima semana ele deve viajar até Porto Velho para levar os novos funcionários para Cuiabá, onde eles irão atuar nos projetos de construção civil que a empresa possui na cidade. Apesar da Urb Topo ser uma das empresas que atua na obra de uma fábrica de cimentos do grupo Votorantim na cidade, Morais diz que os haitianos ainda precisam ser qualificados para atuar em grandes empreendimentos. “Vamos capacitar e qualificar os novos funcionários. A partir daí, eles estarão aptos a atuar em qualquer projeto da empresa”, diz o gestor, admitindo que Belo Horizonte pode ser o destino de alguns desses trabalhadores. Uma assistente social também será deslocada para o Mato Grosso para acompanhar os funcionários.

Para trabalhar na construção civil, os operários haitianos terão as mesmas condições de trabalho dos brasileiros. Para uma jornada de 40 horas semanais, o salário será de R$ 815,00 mais benefícios, como alojamento, alimentação e transporte. A título de comparação, o salário mínimo no Haiti é de US$ 5 dólares por dia (cerca de R$ 175,00 mensais considerando a mesma jornada de trabalho).

Esforço. De acordo com o secretário Nilson Mourão, a maioria dos haitianos que chegam ao Acre já tem objetivos de ir para os “Estados ricos do Sul do Brasil”. Como o Acre não tem estrutura para absorver esse excedente populacional, o esforço do governo estadual é em direcionar os imigrantes para outras partes do Brasil. Por isso, a decisão de bancar alguns custos de documentação e transporte dos estrangeiros.

Até o momento, pelo menos duas dezenas de empresas de todo o Brasil já fizeram contato com o governo acreano para saber informações sobre a possibilidade de contratação dos imigrantes. Segundo números da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, a estimativa é que 2.700 haitianos já chegaram ao Brasil pela rota que passa pela Bolívia e pelo Acre desde fevereiro do ano passado.

Destes, cerca de 900 haitianos ainda buscam regularização no país e aguardam, no Acre, as oportunidades de emprego que deixaram de existir no Haiti.

Enviada por José Carlos.

http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=193033

Comments (1)

  1. Caros senhores,
    Sou produtor de cacau e seringa no sul da Bahia e luto contra a escassez e baixa qualidade de recursos humanos locais. Gostaria de experimentar aplicar haitianos, duas famílias para começar, no trabalho agrícola.
    Tenho simpatia pelo Haiti, pela sua história heroica e gosto pela sua língua, o francês, que domino (trabalhei por 20 anos na Michelin Brasil, sendo que 10 em Administração de Recursos Humanos.
    Creio poder oferecer-lhes um lar digno e perspectivas para toda sua família, com atividades como meliponicultura (abelhas nativas, sem ferrão), horticultura, avicultura, produção de artesanato, inclusive doces, floricultura, piscicultura, além de fruticultura (cacauicultura).
    Minha fazenda chama-se Bom Jesus e fica em Uruçuca-BA, próximo de Ilheus e Itabuna.
    Também sou engenheiro e tenho uma micro-empresa de pesquisas tecnológicas com convênio de cooperação com a Universidade Estadual Santa Cruz (UESC), com quem partilho já uma patente de secador de amêndoas de cacau, estando em vias de construção o primeiro protótipo, e outros inventos relacionados. Pretendo com isso desenvolver aqui uma indústria de equipamentos de beneficiamento de cacau.

    Gostaria de conhecê-los e poder entrevistar alguns candidatos haitianos.

    Grato pela atenção.
    Cordiais saudações.

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