Conselho Indígena de Roraima
Uma comissão de seis lideranças indígenas do povo Zoró, do estado de Mato Grosso, se encontra em Roraima para conhecer a experiência dos povos indígenas locais na área da gestão territorial e ambiental, além de conhecer um pouco do processo de luta pela terra.
Ontem, pela manhã, os líderes indígenas que pertencem a Associação do Povo Indígena Zoró (APIZ) foram recepcionados no Malocão do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, da Universidade Federal de Roraima (UFRR). À tarde, a comissão teve um encontro com a coordenação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), na sede da organização, em Boa Vista (RR).
O vice-coordenador Ivaldo André, recebeu a comissão e apresentou as demandas de atuação do CIR na área territorial e ambiental, saúde, educação, cultura, sustentabilidade e a atuação do movimento de mulheres indígenas de Roraima. Além disso, reforçou a atuação e articulação com demais organizações indígenas, entidades sociais e as instituições de apoio as questões indígenas locais, nacionais e internacionais.
Um dos pontos destacados pelo vice-coordenador, na área da sustentabilidade e autonomia dos povos indígenas, foi o projeto gado. O projeto gado que tem um histórico de parceira das comunidades indígenas, por meio do CIR com a Diocese de Roraima, além da construção de sete planos de gestão territorial e ambiental das terras indígenas (PGTA), que marcam um dos grandes avanços da organização nos últimos três anos. Esse último PGTA, da Terra Indígena Manoá-Pium, em fase de execução.
A expectativa das lideranças indígenas Zoró é conhecer as experiências dos povos indígenas de Roraima na área da gestão territorial e ambiental, considerando que, apesar da conquista do território pelo povo Zoró, muito ainda tem que ser feito para garantir a terra com mais de 300 hectares e reivindicar outra parte do território tradicional, excluído no processo de demarcação, em 1998.
Conforme relatou o presidente da Associação do Povo Indígena Zoró (APIZ), o jovem indígena Tiago Kapawandu Zoró, que a expectativa de conhecer a realidade, a experiência de Roraima foi mais que superada, logo no primeiro dia de intercambio. “A nossa vinda foi para conhecer a forma de gestão da terra feita pelos indígenas, e a luta pela retomada do território tradicional. Mas a vinda está servindo também para nos fazer acreditar que é possível, sim, a gente conquistar parte do nosso território tradicional e não desistir”, disse Tiago.
O intercâmbio, oriundo de uma articulação feita, anteriormente, ainda no território do povo Zoró, pelos estudantes indígenas do curso de Gestão Territorial Indígena (GTI), do Insikiran, realizada no ano passado, seguiu hoje (27) para o Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), onde o povo Zoró será recepcionado pelos estudantes indígenas do Centro de Formação.
Foto: Mayra Wapichana/CIR.