Do total de entrevistadas, 70% eram rés primárias e um terço tinha sido condenado a penas de até quatro anos de prisão
Rio de Janeiro. Jovem, sem ensino fundamental completo, negra, ré primária, respondendo por tráfico de drogas e cumprindo prisão provisória. Esse foi o perfil das presas grávidas e mães de filhos pequenos entrevistadas por pesquisadores da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em duas unidades prisionais da região metropolitana do Rio. As informações são da Agência Brasil.
Coordenadora da pesquisa e presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Rio, Maíra Fernandes destaca que essas mulheres sofrem uma série de estigmas. “Elas são completamente silenciadas. Sofrem estigma e preconceito em todas as suas representações. São, em sua maioria, pobres, em sua maioria, negras ou pardas e, em sua maioria, de baixa escolaridade”, afirma. “Ela incorpora todos os preconceitos, de todas as formas, o que a torna ainda mais invisível”, acrescenta.
A pesquisa, divulgada na última semana, teve o apoio do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro e do Instituto dos Advogados do Brasil em duas unidades do Complexo Penitenciário de Gericinó, o Presídio Talavera Bruce, onde ficam presas grávidas, e a Unidade Materno-Infantil (UMI), que recebe as que entram em trabalho de parto até que os filhos completem seis meses.
As mulheres ouvidas – 41 presas entre junho e agosto – pelos pesquisadores têm, na maioria, menos de 27 anos (78%). O nível de escolaridade é baixo com 75,6% sem nível fundamental completo e 9,8% sem saber ler e escrever.
Do total de entrevistadas, 70% eram rés primárias e um terço tinha sido condenado a penas de até quatro anos de prisão. A maioria foi presa por crimes ligados ao tráfico de drogas. Nesses casos em que a acusação ou condenação é ligada ao tráfico de drogas, um terço das mulheres era “mula”, pessoa que transporta a droga.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.