Por Marcos Pedlowski, em seu blog
Não vou nem me ater ao caso do mais tucano dos senadores petistas Delcídio Amaral (MS) para marcar minha opinião de que o Partido dos Trabalhadores (PT) se transformou inapelavelmente em mais um partido da ordem capitalista que no Brasil se manifesta de um jeito particularmente perverso. É que existe uma instância em que o afastamento do PT das suas origens históricas de um partido que pretendia modernizar o Estado brasileiro a partir de um princípio básico mas revolucionário: democratizá-lo para que pudesse servir ao povo e não às oligarquias que sempre dominaram o Brasil.
Falo aqui da aprovação em regime de urgência do PL 2.946/15 que foi enviado pelo governador Fernando Pimentel para efetivamente precarizar o já precário sistema de licenciamento ambiental existente em Minas Gerais, de modo a encurtar o período de análise técnica de empreendimentos potencialmente poluidores, como é o caso de um sem número de novos projetos de mineração que pretendem transformar o já esburacado território mineiro em algo semelhante às crateras lunares.
E qual foi o argumento dessa fragilização? Que é preciso acelerar a análise dos projetos, começando com a dispensa de Estudos de Impacto Ambiental para projetos que sejam considerados de pequeno potencial ofensivo ao ambiente. Quem conhece minimamente o que foi feito no Rio de Janeiro, particularmente no Porto do Açu, sabe que isto é uma senha para a fragmentação dos pedidos de aprovação de novos empreendimentos, dificultando uma compreensão global dos impactos sinergísticos que a combinação dos projetos totais vão ter sobre o ambiente e a população humana.
O que mais me parece insidioso no regime de urgência que foi imposto pelo governador Fernando Pimentel é que ainda nem se acharam os mortos do caso da Mineradora Samarco (Vale + BHP Billiton) ou, tampouco, se conseguiu estabelecer com um mínimo de critério os impactos ambientais que a lama liberada da represa de rejeitos em Bento Rodrigues,
Em meio a essa grave demonstração de insensibilidade há que se lembrar que a celeridade demonstrada para instalar o licenciamento ambiental “Fast Food” pode ser facilmente traçada aos interesses da Vale e outras mineradoras que financiaram a campanha eleitoral de Fernando Pimentel. É que como dizem os críticos do sistema privado de campanhas eleitorais: financiadores privados não doam, fazem empréstimos. E não custa nada lembrar que a coletiva de imprensa realizada por Fernando Pimentel para se posicionar sobre o incidente em Mariana foi realizada na sede da Mineradora Samarco (Vale + BHP Billiton), o que foi para mim uma demonstração clara de onde está depositada a obediência do seu governo.
Um aspecto que me parece óbvio, mas que foi omitido por Fernando Pimentel: quando vão ser contratados as centenas de servidores que deverão atuar não apenas na análise dos pedidos de novos empreendimentos, mas também para fiscalizar os já existentes? Sem isso, o que acaba de ser aprovado a seu pedido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais representará uma sentença de morte para seres humanos e ecossistemas naturais que serão ou já são afetados pela atividade das mineradoras. A ver!