Empresa está proibida de processar minério de ferro na barragem Germano, a maior da Samarco na região e que continua intacta
Por João Henrique do Vale, no Estado de Minas
O Governo de Minas Gerais embargou as atividades da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. Agora, a empresa não poderá mais processar minério de ferro na barragem do Germano. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) confirmou a informação na tarde desta segunda-feira. A empresa só poderá retomar as atividades após a apuração e a adoção de medidas de reparo dos danos provocados pelo rompimento das duas minas na última semana. A tragédia provocou a morte de duas pessoas e deixou pelo menos 25 pessoas desaparecidas.
De acordo com a Semad, o embargo aconteceu na última sexta-feira. Todas as atividades da empresa na região estão suspensas. A Samarco está autorizada apenas a fazer ações emergenciais, ou seja, “aquelas voltadas para minimizar o impacto do rompimento das barragens e prevenir novos danos”, explicou a Secretaria.
A Semad explicou que a suspensão emergencial está previsto legalmente, para apurar as causas e consequências do evento para a saúde da população e para o meio ambiente. A Samarco só poderá retomar as atividades após a apuração e a adoção de medidas de reparo dos danos provocados.
A barragem de Germano está sendo monitorada desde a última quinta-feira quando outras duas minas, a de Fundão, que armazenava rejeitos de minério, e a Santarém, que estava com água, se romperam. A lama destruiu o distrito de Bento Rodrigues. Pelo menos duas pessoas morreram e outras 25 pessoas seguem desaparecidas, sendo 12 funcionários da empresa e outros 13 moradores.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a barragem Germano é o maior reservatórios da Samarco na região e está localizada acima das outras duas que se romperam. Militares e equipes de engenheiros contratados fizeram a filmagem da mina com um drone para avaliar se há riscos de novos deslizamentos.
Investigação
A conclusão do inquérito aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para investigar a tragédia deve sair dentro de 30 dias. Estão sendo apuradas quatro hipóteses: o cumprimento das condicionantes de licenciamento da Samarco, empresa responsável pelo empreendimento, a explosão de uma mina da Vale próximo ao local, o possível abalo sísmico e se as obras de alteamento da barragem possam ter provocado o acidente. O prazo para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Há a possibilidade de o MP pedir revogação da licença de operação da Samarco.
–
Foto de Ricardo Moraes / Reuters.