Mas meus pensamentos estão inquietos. Imediatamente recordo os comentários do Secretário de Estado do Meio Ambiente de Minas Gerais, Sávio Souza Cruz, postados no seu face, no dia seguinte a Audiência Pública que discutiu o PL 2.946/2015 na ALMG: “quem cala nem sempre consente. As vezes é preguiça de discutir com gente chata”. O estômago embrulhou. Então os questionamentos feitos ao PL que pretende acelerar e simplificar o licenciamento a pedido de empresas, sobretudo mineradoras, foram considerados chatices, coisas de alguns xiitas? É isso mesmo secretário? O que faz a maior autoridade de meio ambiente do estado ter preguiça de ouvir considerações ambientais? Não sei, que mundo louco. Mas a consequência trágica esta aí. As vítimas estão em Bento Rodrigues e região. Geralmente são trabalhadores, comunidades rurais, povos tradicionais e indígenas, populações negras e pobres que pagam a conta. Pagam com suas vidas pela ganância de empresas e a conivência das autoridades neste país sub-desenvolvido.
É preciso discutir o licenciamento ambiental, as condicionantes não cumpridas, os riscos de rompimento de barragens anunciados em pareceres técnicos e negligenciados por empresas e governos, o racismo institucionalizado nas práticas do licenciamento. Precisamos de líderes políticos verdadeiramente republicanos! Abaixo o racismo ambiental! Basta!
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Mineradoras e petrolíferas são um exemplo do coroamento do falidíssimo e falecido sistema econômico e político de um Brasil colonial versão século 21, destruído ambiental, social e educacionalmente. A falência da ética, se é que algum dia neste país ela existiu, é o combustível que alimenta a fogueira secular da irracionalidade acesa desde a primeira missa. A espécie humana nasceu com alguns defeitos graves de fabricação em dois pilares fundamentais de sua natureza própria: raciocínio e criatividade. Só a evolução biológica dará conta de corrigi-los.