Pelas águas dos rios Tapajós e Arapiuns, apoiadores da demarcação da Terra Indígena Maró, no Oeste do Pará, puderam acompanhar um pouco dos conflitos que cercam a região
Terra de Direitos / Comissão Pastoral da Terra
Os impactos do agronegócio e da exploração de madeira puderam ser percebidos por representantes de entidades, movimentos sociais, do Ministério Púbico Federal e estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará, que acompanharam a caravana até a TI no último fim de semana.
Saindo de Santarém no dia sábado (28), a viagem foi organizada pela Terra de Direitos, Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE), Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Cita) e pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), e teve como ponto de chegada a aldeia Cachoeira do Maró.
Através da caravana, cerca de 60 pessoas puderam conhecer a realidade dos habitantes da TI Maró e conhecer suas histórias e crenças, de forma a aumentar ainda mais o apoio aos indígenas das etnias Borari e Arapium, que vivem na região. Segundo a assessora jurídica da Terra de Direitos, Layza Queiroz, que acompanhou o evento, a visita do grupo foi muito importante para a luta dos habitantes do lugar. “A campanha pela demarcação da Terra Indígena Maró saiu fortalecida”, avalia.
Os habitantes da TI lutam há quase 15 anos pela demarcação da área. A TI reúne cerca de 250 habitantes em três aldeias: Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III.
O território mede 42.373 hectares derivados de terras devolutas de competência do estado do Pará, cravado em uma região de alto potencial de recursos naturais e pela diversidade de povos tradicionais. Enquanto o reconhecimento como Território Indígena não se concretiza, as tensões sociais só aumentam com invasores, fazendeiros e madeireiros. Lideranças comunitárias vivem sob ameaças de morte e sofrem violações de direitos humanos fundamentais por defenderem a preservação da floresta.
Acirrando os conflitos, a Justiça Federal de Santarém declarou inexistentes as etnias Borari e Arapium e determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) anulasse o processo de demarcação da Terra Indígena Maró, no fim do ano passado.
Em fevereiro, o juiz da 2ª Vara Federal de Santarém, Érico Pinheiro, suspendeu a sentença proferida em novembro, ao acolher os recursos de apelação interpostos no começo deste ano pelo Conselho Indígena Intercomunitário Arapium Borari (COIIAB) e Ministério Público Federal na cidade.
Com isso, o processo de demarcação da Terra Indígena Maró continua!