Guapiaçu: um Rio (de Janeiro) Ameaçado

Em meio à falta d’água que assola a região sudeste do Brasil, uma pergunta vem à tona: quem pagará a conta dessa crise? No caso mais emblemático, a região metropolitana de São Paulo, metrópole onde vivem 12 milhões de habitantes, o racionamento “não declarado” já se arrasta há mais de um ano nos bairros periféricos, afetando as populações historicamente marginalizadas: pobres, pretos e favelados.

No Rio de Janeiro, a situação dessa crise parece caminhar na mesma direção, mas com um agravante. Além da escassez já se colocar como uma realidade para os cariocas, a saída para essa “crise”, anunciada pelo atual governador Luiz Fernando Pezão, é afogar mais de três mil histórias.

Prevista para ser construída a 100 km da capital, no município de Cachoeiras de Macacu, a barragem do rio Guapiaçu é apontada pelo governo como solução para o sistema Imunana-Laranjal, que abastece a região leste metropolitana do Rio de Janeiro.

O projeto, que pode atingir diretamente três mil pessoas e incidir diretamente sobre uma cadeia produtiva de quinze mil agricultores, é considerado, pela Associação de Geógrafos Brasileiros, o mais prejudicial do ponto de vista dos seus impactos sociais e ambientais.

Qual é a sensação de ser expulso de casa?

O documentário “Guapiaçu, um Rio de Janeiro Ameaçado” aborda diversas irregularidades envolvendo o projeto da barragem prevista para o município de Cachoeiras de Macacu.

Indenizações que não ultrapassam o preço de um barraco, coação da empresa construtora e táticas de intimidação individual são algumas das violações de direitos humanos retratadas ao longo do vídeo.

Construído coletivamente pelos atingidos da região, este média-metragem procura trazer à tona uma realidade vivida em todas as barragens do país, que já atingiram mais de um milhão de pessoas, segundo relatório da Comissão Mundial de Barragens.

Comments (1)

  1. Com certeza o governador irá medir os prós e os contras desse ato, ele me parece ser uma pessoa bem sensata até agora. Porém, o mais importante agora é o abastecimento humano, e o Pezão sabe disso.

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