Córrego Cascatinha está hoje saneado pela PBH
Por Ludmila Pizarro, em O Tempo
A crise no abastecimento de água está trazendo à tona questionamentos sobre a forma como é feita a gestão do recurso. Um exemplo é o córrego Cascatinha, que corta o parque municipal do bairro Caiçara. O córrego participou, há cerca de quatro anos, do Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte (Drenurbs/Nascentes), e todo o esgoto que recebia foi separado. Hoje o Cascatinha, que nasce na rua Praia Formosa, a poucos metros do parque, na casa de Rita Rosa dos Reis, 70, está saneado e recebe apenas água de chuva. “A prefeitura esteve aqui há cerca de cinco anos e fez a separação da água da nascente do esgoto”, relata Rita Rosa.
O problema é que essa água limpa deságua em outro córrego, o Engenho Nogueira, que recebe esgoto, dejetos domésticos e industriais, segundo Nirma Damas, que participa do núcleo Cascatinha do Projeto Manuelzão, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais, e que atua na bacia hidrográfica do rio das Velhas. “O projeto para despoluir a bacia do Engenho Nogueira não foi terminado. Precisamos despoluir a bacia toda”, explica Nirma.
Para a ambientalista, as águas do Cascatinha poderiam ser aproveitadas para consumo, com baixo custo de tratamento. “As águas do Cascatinha se fossem captadas no bairro, teriam um custo de tratamento muito baixo. É uma água praticamente potável. Falta é gestão do recurso. Se as nascentes que existem na cidade fossem preservadas, não dependeríamos tanto dos reservatórios. Não adianta ficar fazendo obra mirabolante agora. Basta olhar para os recursos que estão próximos”, avalia.
Segundo Nirma, as águas do córrego Engenho Nogueira vão recebendo dejetos até chegar no ribeirão do Onça, um dos afluentes do rio das Velhas. “O Engenho Nogueira nasce no Jardim Montanhês e recebe lixo e esgoto até chegar à Pampulha”, afirma.
A bacia hidrográfica do córrego Engenho Nogueira, que passa pelas regionais Noroeste e Pampulha da capital mineira, com extensão de cerca de três quilômetros, deságua no ribeirão do Onça, que é um dos afluentes do rio das Velhas.
A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), porém, informa que as intervenções previstas pelo Programa Drenurbs para a bacia do Córrego Engenho Nogueira já foram executadas e que “não estão previstas quaisquer outras obras para o local”, afirma em nota. A Sudecap admite que “há ainda lançamentos irregulares de esgotos no curso d’água” e que a fiscalização é feita por meio do Programa Caça Esgoto, que é de responsabilidade da Copasa.
Riqueza
Área. Com uma área de cerca de 11.500 m², originária da fazenda Engenho Nogueira, o Parque Ecológico do Bairro Caiçara tem como sua maior riqueza o córrego Cascatinha, segundo moradores.
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Foto: Límpida, Cascatinha participou de programa de recuperação e todo esgoto que recebia foi separado
Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.
Agradeço pelas sempre boas reportagens desse blog.
Realmente, está na hora da população acordar para discutir questões de Segurança Química, saúde e meio ambiente. Grata, Zuleica