Ar de Manaus é danoso para os moradores da cidade e seu entorno, diz estudo

A conclusão foi feita pelo projeto Go Amazon, cuja pesquisa da região começou em janeiro de 2014 e finalizará em dezembro de 2015

Chintya Blink, A Crítica

O ar de Manaus é danoso para os moradores da cidade e o seu entorno. Foi o que o experimento intitulado Go Amazon observou nas pesquisas que começaram em janeiro de 2014 e finalizam em dezembro de 2015. O Go Amazon é um projeto que busca saber como a área urbana interage com a floresta Amazônica e faz parte do Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

“Vimos que existe uma alta concentração de ozônio abaixo da cidade de Manaus, para se ter um a ideia, o normal é medir 10 a 12 partes por bilhão de ozônio e Manaus está de 6 a 8 vezes acima do aceitável”, afirma um dos coordenadores do experimento, o professor Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), com atuação no LBA. Ele informa, ainda, que tem a Amazonia como objeto de estudo há mais de 30 anos.

De acordo com o professor, hoje em dia, a Amazônia sofre por conta de três situações, a primeira é devido o impacto da fronteira agrícola, depois por conta da pressão da urbanização de Manaus e, em seguida, as mudanças climáticas globais.

Manacapuru

O professor também apresentou mais informações sobre o andamento da pesquisa durante a palestra, aberta à comunidade, que aconteceu nesta sexta-feira (6), no auditório LBA, no Inpa (situado na avenida André Araújo, Campus II, na Zona Su).

Entre as observações citadas pelo professor Artaxo, está que a cidade de Manacapuru (à 70,73 km de Manaus, em linha reta) tem a saúde do ar mais comprometida, com 60 a 80 partes por bilhão de ozônio.

“O ozônio é um gás danoso a saúde das pessoas, ele é considerado um potente poluente para a floresta amazônica. No nível que o ozônio aparece no ar de Manacapuru é considerado fitotóxico, ou seja, danifica o estômago da folha”, explica o professor Artaxo, ele também diz que a poluição do ar Manacapuru é um reflexo do que acontece na capital do Amazonas.

Outra descoberta do Go Amazon é que as condições do ar da cidade de Manaus está interferindo na formação das nuvens e, hoje, as gotas das nuvens que estão sobre a cidade têm tamanhos menores do que as gotas das nuvens que estão sobre a floresta amazônica.

Transição

De acordo com Paulo, para iniciar o projeto foi necessário esquecer o olhar ilusório de floresta intocada, pura e limpa e reconhecer que existe uma interação dela com a cidade (área urbana), por conta disso, a Floresta Amazônica está, atualmente, em transição.

Para entender como está ocorrendo a transição da floresta e os impactos da área urbana na floresta, têm, pelo menos, 200 pessoas envolvidas no projeto, que iniciou em janeiro de 2014 e finaliza em dezembro de 2015.

Foto: O professor Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP, atua no Go Amazon (Lucas Silva)

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