Atingidos por cheia do Rio Madeira marcham pelas ruas de Porto Velho (RO) e exigem a implementação de plano de reconstrução de suas comunidades
Cerca de 300 atingidos estão em marcha pelas ruas de Porto Velho na luta por seus direitos. A caminhada iniciou-se pela avenida 7 de setembro e tem como ponto de chegada o palácio do governo. A luta é pela efetivação do plano de reconstrução das comunidades atingidas pelas enchentes do último período de chuvas.
A enchente que foi a maior dos últimos 100 anos na região foi causada pela ganancia das empresas. Houve uma super acumulação de água nos lagos das represas, acima do permitido por lei, a fim de aumentar a taxa de lucro das empresas. Essa acumulação de água nos reservatórios e o aumento da vazão dos vertedouros das usinas de Santo Antônio e Jirau potencializam os alagamentos naturais do período e mais áreas, que antes não sofriam alagamento foram atingidas. Além disso, a velocidade e amplitude das inundações foram muito maiores, segundo moradores de todas as comunidades contaram na época. “A cheia do Madeira era previsível, as datas em que a cheia atingia seu máximo eram conhecidas. Hoje, de um dia pra outro, a água está dentro de casa”- disse Márcio, morador da comunidade de São Carlos e militante do MAB, um ano atrás durante o período das cheias.
Diversos alertas sobre falhas nos projetos das empresas foram realizados previamente por especialistas como o pesquisador Phillip Fearnside do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o renomado consultor indiano, Sultan Alam, no entanto foram ignorados.
Milhares de famílias foram expulsas de suas comunidades e perderam tudo o que tinham. Hoje, um ano após as enchentes os problemas continuam. O plano de reconstrução das comunidades não se efetivou e as 2 mil famílias que seriam beneficiadas ainda aguardam soluções.
Além disso, cobram agilidade no processo instaurado pelo Ministério Público Federal que, se aprovado, fará com que as empresas construtoras das usinas de Santo Antonio e Jirau realizem novos estudos sobre o impacto causados pelas cheias do ano anterior.
Os manifestantes levam a sede do governo do estado de Rondônia outra denúncia. Desde o início desse ano, com o início das chuvas, as comunidades ribeirinhas reassentadas próximo ao rio madeira sofrem com um surto de um mosquito que tem tornado a vida das famílias insuportável. O inseto foi criado dentro de laboratórios para combater os mosquitos vetores que causam a malária. A infestação dos ‘mosquitos de laboratório’ é tão grande que as famílias precisam ficar todo o tempo protegidas por telas conhecidas como ‘mosquiteiros’.
Os problemas causados pelas últimas cheias nem se resolveram e os atingidos já alertam o governo do estado para a possibilidade de uma nova cheia nesse período de chuvas.