Por Douglas Belchior*
Quatro policiais militares do Rio de Janeiro forma presos acusados de terem assassinado cinco jovens negros na noite do último sábado 28. O crime foi cometido na comunidade da Lagartixa, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte da cidade. Segundo relatos de moradores, os garotos teriam ido fazer um lanche após voltar do bairro vizinho, quando foram surpreendidos por tiros disparados por policiais militares do 41º BPM (Irajá) na Estrada João Paulo. O caso foi registrado na 39ª DP, da Pavuna.
O Palio branco era dirigido por Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos. Ele estava acompanhado por Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos. Todos eram negros. Todos foram mortos.
Segundo o site GuadalupeNews, policiais militares usaram luvas para pegar a chave do veículo e tentar abrir a mala. Como não conseguiram, colocaram uma arma de brinquedo sob o pneu esquerdo dianteiro com intensão de forjar a cena do crime.
Os policiais estão presos. Mas e a responsabilidade do Secretário de Segurança Pública? E do governador?
Quatro policiais do 41º BPM foram presos em flagrante. São eles Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho, presos por homicídio doloso e fraude processual, e Fabio Pizza Oliveira da Silva, autuado apenas por fraude processual. As informações são 39ª DP.
Sim, maus policiais devem ser presos e julgados conforme manda a lei. Mas é sempre bom lembrar que há outros responsáveis por esse tipo de ação policial, comuns no Rio e por todo país. Neste caso têm alguma responsabilidade o comandante do batalhão, o secretário de segurança pública e o governador do Estado.
Exagero dizer que se trata de ação comum? A ocorrência chegou à delegacia como “auto de resistência”. A novidade, ou procedimento incomum, está no fato de a Polícia Civil entender de pronto que houve fraude processual. Via de regra, há sempre a tentativa de livrar a corporação das acusações.
Jovens, negros, trabalhadores, comemoravam o primeiro salário. Agora estão mortos.
Segundo familiares, em relato feito ao Jornal Extra, os garotos foram comemorar o primeiro salário de Roberto como jovem aprendiz no Atacadão da avenida Brasil. Tinham programado também ir à praia no domingo.
O grupo de jovens estava em um carro com documentação em dia, motorista habilitado e desarmados. O que havia ali que pudesse justificar a ação dos policiais? Serem todos negros?
Para além disso, resta a perplexidade ante a inacreditável capacidade da sociedade brasileira em conviver com o genocídio negro. Perguntaria eu, se pudesse, à tranquilidade coletiva: E se fossem brancos de padrão globo-zona-sul os corpos fuzilados e sem vida?
*com informações de Guadalupe News e Extra.
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Imagem: Foto de rede social, tirada horas antes do fuzilamento (GuadalupeNews)