Vale admite que usava barragem de Fundão para depositar rejeitos

5% do volume de Fundão vinha de uma de suas minas, disse a empresa. Rompimento provocou a liberação de mais de 35 milhões de m³ de rejeitos.

Do G1 MG

A Vale, dona da mineradora Samarco ao lado da anglo-australiana BHP Billiton, utilizava a barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, que se rompeu no dia 5 de novembro. A informação foi publicada nesta terça-feira (23) pela Folha de São Paulo.

A empresa admitiu que a estrutura recebia parte dos rejeitos das Usinas de Tratamento de Minério da unidade de Alegria, também em Mariana. Ainda segundo a Vale, o volume correspondia a menos de 5% do total depositado na barragem da Samarco anualmente.

A informação foi divulgada 13 dias depois da Vale ter dito ao jornal americano “The Wall Street Journal” que não tinha nenhuma responsabilidade sobre o ocorrido.

Ainda segundo a reportagem, a Vale informou que a relação era regida por contrato entre as duas empresas, que definia a Samarco como responsável pela gestão, controle e operação dessa deposição.

“Trata-se de uma administração completamente independente de suas acionistas e responsável pelas questões técnicas e financeiras”.

No dia 11 de novembro, em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, chegou a dizer que a mineradora não fazia parte da empresa. “Gostaria de explicar que a Samarco não é uma parte da Vale. A Samarco é uma empresa independente, tem a sua governança própria e as decisões da empresa ocorrem no Conselho de Administração. Nesse momento de emergência nós nos fizemos presentes para ajudar e prestar o apoio no que for preciso”.

A barragem de Fundão liberou mais de 35 milhões de m³ de rejeitos na região, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, afetando também Águas Claras, Ponte do Gama, Paracatu e Pedras, além das cidades de Barra Longa e Rio Doce.

Os rejeitos também atingiram dezenas de cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. contaminando o Rio Doce. Até o momento, oito mortes foram confirmadas. Outros quatro corpos esperam por identificação e onze pessoas continuam desaparecidas.

Minas
A Vale tem três minas em Mariana. A Alegria foi criada em 2000, a Fábrica Nova foi fundada em 2005 e a Fazendão, a mais antiga, foi instalada em 1976. As três são ligadas ao minério de ferro.

No dia 9 de novembro, a empresa anunciou que, por causa do desastre, interrompeu a venda de minério da mina de Fazendão.

estouro-barragem-marianaBarragens Germano e Santarém
A mineradora Samarco afirmou no dia 16 que, diferentemente do que havia informado no dia 5 de novembro, quando disse que duas barragens entraram em colapso, a barragem do Fundão foi a única a se romper.

Segundo a mineradora, houve “galgamento” na barragem de Santarém, ou seja, ela transbordou com os rejeitos da barragem de Fundão, mas “o maciço remanescente está íntegro mesmo estando parcialmente erodido”.

Eles ainda admitiram no dia 17 de novembro que há risco de rompimento nas barragens de Santarém e Germano – que ficam perto de Fundão.

Segundo a empresa, estão sendo feitas obras emergenciais nas duas barragens. Este procedimento deve durar cerca de 45 dias na barragem de Germano. Na de Santarém, as obras têm um prazo de 90 dias.

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