A Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – ANCED/Seção DCI Brasil, organização da sociedade civil de âmbito nacional que atua na defesa dos direitos humanos da infância e adolescência brasileira, vem a público manifestar sua indignação e exigir providências urgentes em relação a mais uma chacina de adolescentes e jovens brasileiros, dessa vez no estado do Ceará, ocorrida em 12 de novembro de 2015. Confira nota completa abaixo:
NOTA PÚBLICA
A Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – ANCED/Seção DCI Brasil, organização da sociedade civil de âmbito nacional que atua na defesa dos direitos humanos da infância e adolescência brasileira, vem a público manifestar sua indignação e exigir providências urgentes em relação a mais uma chacina de adolescentes e jovens brasileiros, dessa vez no estado do Ceará, ocorrida em 12 de novembro de 2015.
Notícias jornalísticas dão conta que mais de uma dezena de adolescentes e jovens teriam sido assassinados em poucas horas como retaliação à morte de um policial. Nesse momento, não se pode esperar outra postura das autoridades do Ceará do que o apoio emocional e material às famílias das vítimas, assim como a responsabilização dos perpetradores.
Como se sabe, o Brasil tem produzido um verdadeiro genocídio de sua juventude, tendo em vista os cerca de 58 mil homicídios anuais, praticados majoritariamente contra jovens (entre 15 e 29 anos), especialmente os negros, que representam em torno de 75% desse contingente. A chacina do Ceará é mais um triste episódio dessa tragédia nacional. Exigimos com veemência que os assassinatos não fiquem impunes, seja pelo histórico de não apuração de casos semelhantes (menos de 8% dos homicídios chegam a ser investigados pelas autoridades de Segurança Pública), seja pelas fortes suspeitas do envolvimento de agentes do Estado na prática dos crimes.
A violência praticada por agentes estatais, aliás, tem sido flagrante, tanto pelas polícias militar e civil (conhecidas como a que mais matam no mundo), como por agentes de instituições prisionais, socioeducativas, de abrigamento e até mesmo em escolas e unidades de saúde. O Estado, que deveria promover cidadania e proteger a sociedade, é responsável por ações diretas de discriminação e extermínio.
Em dezembro de 2014, com compromisso de defesa e garantia do direito à vida com dignidade, ANCED/Seção DCI Brasil iniciou a campanha “Viver sem Nada, Morrer por Nada” contra o extermínio de crianças, adolescentes e jovens brasileiros. Para tanto, insta o Estado Brasileiro a adotar ações imediatas para preservar a vida e integridade pessoal de todas as crianças, adolescentes e jovens do Brasil, em especial os negros, que são os mais afetados pela violência.
Brasília/DF, 16 de novembro de 2015.
Coordenação da ANCED/Seção DCI Brasil
Nota disponível para download AQUI.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Vinicius Valentin Raduan Miguel.