Homem fazia parte de acampamento em Brasília que pede a volta dos militares no poder; ele já havia sido preso na semana passada por ter ameaçado pessoas que faziam parte de outras manifestações.
Da Redação Brasil de Fato
Um policial civil foi preso por ter atirado pra cima contra a 1ª Marcha das Mulheres Negras que acontece nesta quarta-feira (18), em Brasília. Ele, que faz parte do acampamento montado em frente ao Congresso por um grupo que defende o impeachment de Dilma e a volta dos militares ao poder, disse que se sentiu ameaçado.
De acordo com a Polícia Militar, o homem disparou quatro tiros pra cima e já havia sido preso na semana passada também por ter ameaçado pessoas que participavam de atos na Esplanada dos Ministérios. Ele foi levado a Corregedoria da Polícia Civil do DF para prestar depoimento.
Após o ocorrido, lideranças da marcha pediram que as mulheres não aceitassem a provocação. Foram ouvido outros tiros, além de bombas e gás de pimenta da confusão. De acordo com a militante Sandra Silva, a marcha, que reuniu mais de 20 mil pessoas de acordo com a organização, continuou após a confusão, mas foi divida em duas partes. “O que antes era um clima de festa agora ficou muito tenso”, contou.
Sandra também contou que, ao serem hostilizadas pelos acampados, as mulheres gritaram “Machistas, facistas, não passarão” e que a Polícia Militar só agiu depois de vários pedidos das lideranças nos carros de som. “Teve um troca de provocações com a direita que tinham armas e bombas e começaram a atirar. E teve também confronto com a polícia, que chegou jogando gás de pimenta”, explicou Sandra.
Ainda assim, a atuação da força policial acabou também ferindo algumas das militantes que faziam parte da manifestação feminista.
A deputada estadual Leci Brandão (PC do B-SP) subiu no carro de som após a confusão. “Este acampamento que está ai tentando impedir que as mulheres façam sua marcha em paz, em liberdade e democracia. A mulher negra é mulher de disposição, de guerra, a mulher que enfrenta, independente da religião. A mulher negra não vai baixar a guarda”, afirmou. Outros deputados também estão declarando o seu apoio a marcha.
Na semana do dia da consciência negra, a marcha em Brasília tem o lema “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”. Os movimentos alertam para dados como os do “Mapa da Violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil”, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flasco), que apontou que o número de mulheres negras assassinadas aumentou em 50% de 2003 até 2013.
Veja vídeo gravado logo após os disparos.
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Crédito: Rogério Tomaz Jr.