Algo que vai mudar profundamente a vida de tanta gente ser imposta de cima para baixo não faz sentido dentro de uma democracia. Ainda mais quando tratamos de educação.
Como aqui já disse, muitos de nós levam para a rua cartazes de “Mais Educação” de forma vazia. Pois quando se deparam com as reivindicações reais para uma educação que faça sentido aos envolvidos, rangem os dentes, torcem o nariz e insultam. Alguns gritam “vagabundos”. Outros pensam impropérios.
Educar por educar, passar dados e técnicas, sem conscientizar o futuro trabalhador e cidadão do papel que ele pode vir a desempenhar na sociedade, é o mesmo que mostrar a uma engrenagem o seu lugar na máquina e ponto final.
Uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que possam colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está.
Educar pode significar libertar ou enquadrar. Que tipo de educação estamos oferecendo? Que tipo de educação precisamos ter?
Em algumas sociedades, pessoas assim, que protestam, discutem, debatem, discordam, mudam são úteis para fazer um país crescer. Por aqui, são vistas com desconfiança e chamadas de mal-educadas e vagabundas.
Ironia? Não, retrato de um Brasil em que a democracia funciona desde que cada um saiba seu lugar. E fique quieto nele.