Fotógrafo e esposa têm uma ONG patrocinada pela Vale do Rio, uma das empresas donas da Samarco, mineradora de onde vazou a lama que poluiu o Rio Doce
Por lara Brant, no EM
O fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, natural de Aimorés, uma das cidades atingidas pela lama proveniente do rompimento das barragens da Samarco em Mariana, e que criou ao lado da esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado uma ONG ambiental, o Instituto Terra, com o apoio da Vale do Rio Doce, ainda não se pronunciou sobre o ocorrido. Segundo sua assessoria, que fica em Paris, na França, Salgado está ciente e preocupado com o que aconteceu, mas que não vai se manifestar sobre o caso porque sua “agenda está com muitos compromissos”. Nesta quinta-feira, inclusive, o fotógrafo estaria em Brasília para um evento que não foi divulgado.
Na página de Sebastião Salgado e do Instituto Terra no Facebook, várias pessoas têm cobrado uma declaração do mineiro. “Instituto Terra. Nenhum comentário sobre o desastre no Rio Doce? Vamos ter mais um livro sobre as misérias?! Ou nem isso? Vocês são um instituto de preservação, são patrocinados por uma mineradora (!!) que é no mínimo responsável por 50% de tudo que está acontecendo e não vão falar NADA??”, postou o internauta Fernando Lessa.
Já Regina Zeitoune disse: “Por favor, se posicionem quanto ao acidente da Samarco! É o mínimo que esperamos de vocês!!!”. Em uma outra postagem, o internauta Cristian Bichara declarou: “Sebastião Salgado, você vai se calar diante do crime? Até quando você irá receber este dinheiro imundo da Vale, você é um homem importante por isso tem responsabilidades. Denuncie o crime da Vale, você não precisa se sujar por isso. O Rio Doce foi assassinado pela Vale.”
O Instituto Terra é uma organização civil sem fins lucrativos fundada em abril de 1998, que atua na região do Vale do Rio Doce, entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Trata-se de uma região do Brasil que vivencia as consequências do desmatamento e do uso desordenado dos recursos naturais como a seca, a erosão do solo e a falta de condições para o homem do campo viver e prosperar. Suas principais ações envolvem a restauração ecossistêmica, produção de mudas de Mata Atlântica, extensão ambiental, educação ambiental e pesquisa científica aplicada.
Todo o meu respeito a Sebastião Salgado e esposa. Os dois, ao contrário de muitos, conseguiram reverter parcela da riqueza da Vale em favor das pessoas e do meio ambiente. Concordo com quem afirmou antes: nada de “saia justa” para eles! Nós precisamos deles, sim. Contar com eles, apoiá-los!
Em verdade o Instituto Terra,representado na figura do Sebastião Salgado,não pode e nem deve responder pelo carater,de quem quer que seja.A Vale do Rio Doce,hoje é “Vale” tudo,em prol do lucro imediato.Essa privatização certamente não teve o aval do Institudo Terra,como pessoa juridica e tampouco do cidadão Sebastião Salgado.
Você sempre denunciou violências contra a humanidade através da imagem!! Não deixe a agenda ser mais importante que uma catástrofe, registre!!!!
Sua conduta e tragetoria no seu voluntariado ao iniciar tão nobre projeto, embora solitário e só depois conseguindo adeptos a causa , só deve ser respeitado e seguido o exemplo .Nosso país merece ser melhor tratado .Na minha ignorância assumida , no condizente ao assunto , me submeto aos conhecimentos de Sebastião Salgado e me coloco a disposição , como voluntária .Minas precisa e o nosso Rio Doce merece .Precisamos nos unir nesta recuperação e revitalização das nossas águas e meio ambiente .Conte comigo
Pronunciamento? Não, um plano estratégico de ação. Palavras não resolvem muita coisa nessa hora. Segue para o conhecimento de todos os interessados no “pronunciamento” de Sebastião Salgado:
http://www.institutoterra.org/pt_br/ShowNot.php?adfo3;76ad;lkjioerg=MjQx&er67sd23fda=TVE9PQ==#.VkfYWkvZeT-
Nesta hora bom não fazer mais vitimas esta tragedia.Não é este fato que vai apagar a obra de uma pessoa tão admiravel.
Tenho grande admiração e respeito por Sebastião Salgado, a ponto inclusive de ficar em dúvida quanto a como postar esta informação. Por outro lado, o debate sobre o financiamento por parte de empresas como a Vale e outras mais não pode se restringir a políticos. Ela é talvez ainda mais procedente em relação a pessoas que lidam com o conhecimento e a cultura entendida no seu sentido mais amplo, ligada ao conhecimento, à consciência crítica necessária para se ir além do senso comum e do bom senso, na concepção e construção de um mundo mais justo e decente. E, dos meios de comunicação às universidade, o que cada vez mais vemos é o pragmatismo justificando parcerias as mais esdrúxulas. Em alguns casos – como o de Sebastião Salgado, acredito -, são contradições complicadas de vivenciar. Quanto possivelmente à maioria dos demais, entretanto, não tenho qualquer ilusão. Vide acadêmicos que alugam/vendem seus diplomas e conhecimentos (ambos de alguma forma sempre subvencionados pelo produto do trabalho do povo-Nação), para legitimar canalhices as mais diversas, das ideológicas às envenenadoras.
Tania.
É uma situação EXTREMAMENTE DIFÍCIL, que tem no foco uma pessoa de mérito inegável, e que atravessou em anos recentes um grau de sofrimento psíquico que poucas pessoas sequer imaginam que seja possível. Não vejo necessidade nem UTILIDADE nenhuma em criar essa saia justa para ele neste momento agudo. Há atos muito mais nobres e úteis a realizar, neste momento.