Um dos rios que cortam a aldeia Krenak em Resplendor também é vítima da falta de chuva e do desmatamento
Gina Pagú – Jornal Figueira
O rio Eme nasce em Cuparaque (MG) e deságua no rio Doce, no terriório da aldeia Krenak, e abastece os cinco mil habitantes do município, além da comunidade indígena localizada no município de Resplendor. Os mais de 200 índios pedem ajuda para que o rio seja salvo do desmatamento e da seca.
Um dos principais rios, além do rio Doce, que levam água até a aldeia, vive uma crise hídrica alarmante. A índia Shirley Krenak explica que esse rio faz parte da vida e da cultura indígenas. “Diversas histórias sobre a nossa religião são contadas pelos mais velhos, nas quais eles falam que muitas das nossas danças, as brincadeiras e a nossa sobrevivência vinham das águas desses rios. Os Krenak sempre se reuniam na cabeceira do rio do Kiem, que hoje é conhecido como Eme, cujo nome vem da língua materna do povo Krenak e significa “casa” ou “abrigo”. Com a vinda das estradas e ferrovias, os Krenak foram expulsos e ficaram muito tempo longe do rio Doce, e, durante muito tempo, o atual Eme foi o refúgio e a casa dos Krenak.”
Shirley explica que, com a degradação do rio, o estado dele hoje é de calamidade ambiental. “Por consequência, o povo Krenak entra em calamidade também. Antes, quando os homens iam caçar, eles não passavam fome nem sede, pois tinham as minas para poder beber água e os frutos para se alimentar. Hoje, a situação do povo se torna um fator cada vez mais agravante devido à falta de água. A água é o elemento fundamental para a existência do povo Krenak. Todos dependem dela para sobreviver e para garantir a vida dos animais, das plantas e da sua própria religião, pois a água sustenta a vida. Não importa quem somos, o que fazemos, onde vivemos, nós dependemos dela para sobreviver. A água é, provavelmente, o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da cultura Krenak, desde o desenvolvimento agrícola aos valores culturais e religiosos. Toda a história do povo Krenak se resume às águas por morarem às margens do rio Doce e do rio Kieme.”
Pablo Camargo, agente em indigenismo, representante da FUNAI em Governador Valadares, confirma a situação do rio Eme. “Temos observado o problema e notamos que o rio está praticamente seco. Este é um rio muito importante, o único no território Krenak. O estado é grave, pois a área indígena é muito pequena, mas está praticamente sem água. Sabemos que o problema hídrico em Minas Gerais é seriíssimo e o Rio Eme parece não ter escapado desta catástrofe. Ele já está degradado há muito tempo, mas a culpa maior é do desmatamento provocado pelo homem, que não poupa a natureza.”
Uma pena que tudo parece caminhar para o fim……A ganância e ignorância dos homens que não pode ver nada além dos seus interesses,vai acabando com o seu próprio futuro.