Não havia muito que responder, mas o policial militar perguntava para o senhor Adalberto: “Esse rapaz é ligado aos Direitos Humanos?”. Os moradores de Guarimã, município de São Benedito do Rio Preto, Baixo Parnaíba maranhense, barravam a passagem do senhor Regi, corretor de imóveis, de um filho da dona Inês Fátima Fronchetti, sojicultora e proprietária da fazenda Quebra Joelhos, e dos policiais militares a paisana que lhes prestavam serviço.
Os três policiais militares fazem parte do destacamento da cidade de Chapadinha e protegeriam o senhor Regi enquanto ele demarcasse os pontos de Guarimã no GPS. A dona Inês Fronchetti comprou a Guarimã do Regi em 2014 e desde então quer despejar os moradores dessa comunidade tradicional. O rapaz, em questão, portava uma maquina fotográfica. Só se sabe que, naqueles dias, ele fotografava Guarimã e que, antes, fotografara São Francisco, comunidade quilombola do município de Milagres.
Os policiais militares pensaram: ou ele é dos Direitos Humanos ou ele é policial federal disfarçado. O policial militar perguntou por três vezes a mesma coisa. Nas duas primeiras, o senhor Adalberto respondeu que não sabia. Na terceira, já cansado, o senhor Adalberto revida com uma pergunta: ”Quer saber, realmente, se ele é dos Direitos Humanos?”. O policial militar respondeu que sim. “Então vá perguntar a ele.” Dessa forma se encerrou a conversa entre o senhor Adalberto e o policial militar em Guarimã, Baixo Parnaíba maranhense.