O professor Luiz Carlos Freitas, da Unicamp, destacou a necessidade de construir uma educação emancipadora e socialista, durante o encontro
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
No quarto dia de debates do 2º Encontro Nacional dos Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (Enera), realizado nesta quinta-feira (24), em Luziânia (GO), o educador Luiz Carlos Freitas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defendeu a continuidade da luta contra o fechamento das escolas do campo e a necessidade de construir uma educação emancipadora e socialista, baseada na pedagogia da escola do trabalho.
“As escola de campo são laboratório destinados a recriar métodos educativos de formação humana, e, quando fechadas, perdemos instrumentos de luta. Precisamos deter os processos mais duros de controle do capitalismo sobre essas instituições e abrir espaços para avançar em relação à escola do trabalho, que envolve, entre outros fatores, a participação direta das educandos no processo produtivo, em uma matriz unilateral de formação”, explicou (Clique aqui e confira mais fotos do 2° Enera).
De acordo com Freitas, para enfrentar a atual conjuntura educacional brasileira, que envolve o fechamento de 37 mil escolas do campo nos últimos anos, é fundamental a elaboração de “políticas públicas, criar sistemas educacionais inteiros e aliar a educação à construção de uma nova sociabilidade”. Ele apontou ainda, que a luta por essa nova forma de educação, com visão socialista, deve ser iniciada no momento atual, mesmo dentro do capitalismo.
“Após séculos de sonegação ao conhecimento, curiosamente, a burguesia descobriu o direito de aprender dos trabalhadores. E ela enche a boca para dizer que está defendendo esse direito, mas reserva a si o direito de estabelecer o que, quanto e como temos que aprender. Para enfrentar essa realidade, é necessário reconstruir os processos educativos da educação do campo, e os assentamentos do MST são exemplos de espaços mais avançados de organização da vida e que podem nos ajudar nessa missão”, disse.
Freitas destacou ainda, que os educandos devem estar organizados para enfrentar o modelo de sociedade capitalista e conduzir seu próprio processo produtivo, lutando contra o agronegócio, com liberdade de conhecimento e capacidade de organização no poder público.
“Eles precisam se desenvolver e se emancipar porque no nosso modelo de sociedade o trabalhador é o dono da produção, mas ele tem que se auto-organizar para conduzi-lo. Nesse sentido, o Enera mostra que temos condições de reconstruir os processos educativos, caminhando para a escola do trabalho, negando o fechamento das escolas e não entregando a educação pública ao capital”, concluiu.