Mais de 300 feirantes ocupam a praça da Faculdade com a diversidade de alimentos produzidos em acampamentos e assentamentos de todo Estado
Por Rafael Soriano
Da Página do MST
Toneladas de alimentos vindos de todas as regiões de Alagoas chegam a Praça da Faculdade, em Maceió, para a 16ª edição da Feira da Reforma Agrária.
Idealizada há 16 anos pelos trabalhadores rurais organizados no MST, a Feira se estabeleceu como uma das principais referências de diálogo do movimento popular com a sociedade do campo e da cidade.
Entre os dias 2 a 5/09, mais de 300 feirantes ocupam a praça com a diversidade de alimentos produzidos em acampamentos e assentamentos de todo Estado, afirmando a política de Reforma Agrária como uma veia de desenvolvimento em potencial.
Desde a manhã desta quarta-feira (2), a movimentação é intensa. A cerimônia de abertura acontece às 19h desta quarta, abrindo também o Festival de Cultura Popular que acontecerá todas as noites.
“Todos os produtos são comercializados diretamente de quem planta, de quem produz, para as famílias na cidade, eliminando o lucro do atravessador”, anuncia Débora Nunes, da coordenação do MST.
Esse é o motivo mais evidente, segundo a militante, para os preços dos alimentos na Feira serem abaixo dos preços praticados no mercado convencional. O quilo de abóbora sai por R$ 1,25, um quilo de tomate, por R$1,50, para citar dois exemplos.
Uma programação variada se concentra, ainda, na praça central da Feira, onde se encontra a exposição e comercialização de mudas do viveiro Chico Mendes, organizados por assentados na região da Mata Norte do Estado.
Além de debates e das exposições, os feirantes e visitantes do evento contam ainda com a Tenda de Educação Popular e Saúde, onde há práticas integrativas de saúde, como massagem e onde está reproduzida uma farmácia viva, trazida dos assentamentos.
Programação Cultural
Como forma de celebração da chegada da fartura do campo à cidade, os trabalhadores promovem um Festival de Cultura Popular, que conta com diversas atrações.
Passam pelo palco do Festival o forró do “matuto de luxo” Geraldo Cardoso, o Coco de Alagoas do Grupo Segura o Coco, o samba do cantor Gustavo Gomes, além das apresentações de Roberta Aureliano e dos patrimônios da cultura de Alagoas, Chau do Pife e Zeza do Coco.
Para José Fernando, do Setor de Cultura do MST, “essa é uma demonstração do que os Sem Terra querem para o campo brasileiro. Um espaço em que se possa produzir alimentos saudáveis para o povo do campo e da cidade, mas também um espaço em que se possa viver cultivando nossas raízes”.
O palco principal da praça é o grande cenário para a diversidade de atrações que dão ao conjunto da Feira a dimensão da cultura camponesa.
Todas as noites o Festival traz à Feira da Reforma Agrária uma variedade de folguedos populares e dos camponeses e camponesas que fazem da arte um instrumento de resistência na preservação da cultura Sem Terra.
A cultura produzida nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária também tem espaço garantido na programação do Festival. Todos os dias camponeses e camponesas sobem ao palco e demarcam a importância da cultura para a Reforma Agrária.
Edna Silva, do assentamento José Elenilson, no município de Teotônio Vilela, sobe ao palco do Festival de Cultura Popular da Feira pela terceira vez, acompanhada do guitarrista Ednaldo Hélio, do mesmo assentamento e ressalta o papel do Festival e da participação dos artistas Sem Terra nas noites festivas na capital Maceió.
“A Feira é um importante momento para o nosso Movimento aqui em Alagoas, por isso, poder cantar no Festival, além de ser uma grande honra é um espaço para mostrarmos à sociedade que a luta pela Reforma Agrária Popular vai além da luta pela terra e que a cultura também tem espaço no nosso projeto de sociedade que lutamos para construir”, disse.