Utopia como fim da barbárie

“O fundamento da utopia é ser a severa e ilustre crítica da realidade. A utopia é um constante trabalho contra o instituído”

Por Daniel Oliveira, em O Tempo

Após três anos sem edição em Belo Horizonte, o Ciclo de Conferências Mutações volta à capital, entre os dias 13 de agosto e 22 de setembro, com 13 palestras em torno do tema “O Novo Espírito Utópico” no auditório do BDMG. Abaixo, o filósofo e idealizador do evento, Adauto Novaes, fala sobre a relevância da utopia diante da crise atual. As inscrições já estão abertas no mutacoes.com.br. (mais…)

Ler Mais

O prisioneiro que apavora o império americano (final)

A história da perseguição kafkiana a Julian Assange, criador do Wikileaks. Questão crucial: como Washington poderá mantê-lo aprisionado após 20/8, quando prescrevem seus “crimes”?

Por John Pilger – Outras Palavras


Reportagem em duas partes. Leia a primeira aqui

O caso Assange chegou à Suprema Corte do Reino Unido, finalmente, em maio de 2012. Num julgamento que acolheu o mandato de detenção europeu (EAW, European Arrest Warrant) – cujas rígidas exigências não deixaram quase nenhuma margem de manobra aos tribunais – os juízes acharam que os procuradores europeus podiam emitir mandatos de extradição no Reino Unido, sem qualquer supervisão judicial, apesar de o Parlamento pretender o contrário. Eles deixaram claro que o Parlamento havia sido “enganado” pelo governo Blair. O tribunal ficou dividido, 5 a 2, e decidiu contra Assange. (mais…)

Ler Mais

Assange: a história não contada de uma luta heroica pela justiça

Por John Pilger, na Adital

Este artigo é uma versão atualizada da investigação feita em 2014 por John Pilger, com a história não contada de uma campanha implacável – na Suécia e nos EUA – para recusar justiça a Julian Assange e silenciar a WikiLeaks: uma campanha que agora atinge uma etapa perigosa.

O cerco de Knightsbridge [NR] é símbolo de uma injustiça brutal e de uma farsa repugnante. Durante três anos, um cordão policial em torno da Embaixada do Equador em Londres serviu só para ostentar o poder do estado. Ele já custou £12 milhões. A caça é um australiano que não é acusado de qualquer crime, um refugiado cuja única segurança é a sala que lhe foi dada por um corajoso país sul-americano. O seu “crime” foi ter iniciado uma onda de verdade numa era de mentiras, cinismo e guerra. (mais…)

Ler Mais

Europa: “Racismo e muros, voltem, estão perdoados”

O teste dos líderes europeus estará na sua capacidade de terem presente que o fim último da União Europeia é a preservação da Paz na Europa.

Por Fernando d’Oliveira Neves*, em Público

A profunda crise em que a Europa, e não só a Grécia, está mergulhada, envolvida numa complexa e perigosa crise internacional, fez-me recordar três frases.

Uma de Marcello Mathias, nas “Memórias da Abuxarda”: “os eurocratas são burocratas que não gostam dos povos”. Como é certeira para quem conhece por dentro o mundo das instituições europeias. (mais…)

Ler Mais

A coragem da desesperança, por Slavoj Zizek*

O que se pede aos gregos é que sofram, para que outros possam continuar seu sono, imperturbáveis.

Em Carta Maior

Giorgio Agamben, filósofo italiano, disse numa entrevista que “o pensamento é a coragem da desesperança”, uma visão que é especialmente pertinente para este nosso momento histórico, quando a regra geral, ainda no mais pessimista dos diagnósticos, termina com uma insinuação otimista de alguma versão da proverbial luz no fim do túnel. A verdadeira coragem não é imaginar uma alternativa, mas sim aceitar as consequências do fato de que não há uma alternativa claramente discernível: o sonho de uma alternativa é um sinal da covardia teórica, suas funções são como um fetiche, que evita que pensemos até o final do nosso predicamento. Em outras palavras, a verdadeira coragem é admitir que a luz no fim do túnel é a luz de outro trem que se aproxima na direção contrária. (mais…)

Ler Mais

Na Índia, rapper denuncia contaminação por mercúrio e clip conquista apoio internacional para a luta

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Na Índia, o rap virou instrumento de luta contra a empresa Unilever e, em 72 horas, talvez tenha conseguido mais resultados em termos de divulgação que 14 anos de denúncias baseadas no ativismo tradicional. A canção, composta e interpretada pela rapper Sofia Ashraf, foi usada num clip que explica de forma contagiante os motivos do protesto, afirma que a população da cidade -Kodaikanal- não desistirá de exigir os seus direitos e termina  com um link para uma Petição internacional contra a empresa. Lançado no Youtube do 30 de julho, ela já foi vista por quase 700 mil pessoas. (mais…)

Ler Mais

Humilhação pedagógica

Por José Luís Fiori, em Outras Palavras

Assumo a responsabilidade de assinar
um texto no qual eu não acredito,
mas que sou obrigado a implementar.
A dura verdade é que nos foi imposto
um caminho de mão única”
Alexis Tsipras, citado por “O Globo”, 17/07/2015

É muito difícil identificar causas e estabelecer culpas, quando se está falando de processos históricos de enorme complexidade, como é o caso do acelerado esgotamento do projeto de unificação europeu. A atual crise grega representa apenas um ponto numa trajetória de erosão e de declínio que começou faz tempo, talvez no momento mesmo da unificação alemã, ou na hora em que o projeto se expandiu de forma irresponsável, incluindo 28 países totalmente diferentes e desiguais. Sem falar na importância decisiva que teve a criação da moeda única – o Euro – sem o respaldo de uma autoridade fiscal unificada e soberana. Mas agora esta história já é passado, e o projeto concebido pela geração de Schuman, De Gasperi, Adenauer e Delors, já acabou. E o mesmo se pode dizer da sua nova versão desenhada por Helmut Kohl e François Mitterand, na década de 80.  (mais…)

Ler Mais

Eu chorei por Cecil, por Elaine Tavares

Em Palavras Insurgentes

Sim, eu chorei. Chorei pelo tal leão que o dentista estadunidense matou na África. Chorei também pelo dentista, que precisa investir milhares de dólares para ter uma sensação de poder. Chorei pelo leão, como choro pelos palestinos, pelos meninos negros de Serra Leoa, pelos jovens da Guiné, as mulheres do Saharauí, os ciganos, os indígenas de Mato Grosso do Sul, os garotinhos negros das comunidades empobrecidas das grandes cidades brasileiras. Toda essa gente, e muito mais, que é abatida, cotidianamente, por seres como esse homem dos Estados Unidos. Chorei pelo leão, na sua inocência selvagem, entregue ao predador. Choro pelas gentes, violentadas e violadas na sua dignidade e na sua tentativa de simplesmente viver.  (mais…)

Ler Mais

Podemos, contra o sistema, porém no governo?

Reflexões sobre o partido-movimento espanhol, a partir do livro de Pablo Iglesias. Inovação: ser pós-capitalista, sem ser autoritário. Problema: poesia suprirá lacunas teóricas?

Por Benedetto Vecchi, no Il Manifesto | Tradução: Antonio Martins| Imagem: Deih, em Valencia, Espanha – Outras Palavras

Populismo 2.0 é a expressão usada habitualmente para qualificar a experiência política do Podemos, o partido espanhol que sacudiu o panorama político ibérico. Os analistas, como sempre, colocam em evidência as distâncias, os elementos de descontinuidade em relação ao pensamento político clássico. Ao fazê-lo, procuram inscrever esta jovem formação na família do populismo de matriz latino-americana, demonizado na Europa. A leitura de Desobedientes – de Chiapas a Madri, de Pablo Iglesias, explode tal simplificação em mil pedaços. Com uma ressalva: não se desmente a qualificação de antissistemaatribuída ao partido – ela é enriquecida, ao contrário, de novos elementos, que incluem o Podemos na crítica à democracia representativa. O que não exclui, porém, uma forma institucional fundada num equilíbrio dinâmico entre a democracia direta e sua forma representativa – além do reconhecimento de processos de autogoverno articulados pela sociedade civil por meio de projetos como cooperativas sociais, organizações de mútuo socorro e sindicalismo de base, coordenados em rede. (mais…)

Ler Mais

Da crise emergirá o pós-capitalismo?

Jornalista britânico que cobriu levantes pós-2011 em todo o mundo aposta: sistema não suportará sociedade conectada em rede que ajudou a criar

Entrevista a Jonathan Derbyshire, em Prospect/Outras Palavras*

Ao cobrir, para a TV britânica, a fase mais recente da crise na Grécia, o jornalista Paul Mason alcançou quase-onipresença em seu país: Mason falando com Alexis Tsipras e outros membros do Syriza; Mason em mangas de camisa diante da câmera, diante do banco central da Grécia; Mason desviando de bombas em outro confronto entre anarquistas e a polícia — isso forma parte da iconografia da crise grega para muitos britânicos. (mais…)

Ler Mais