Boaventura: Para ler em 2050

“Por isso, aconteceu o que aconteceu. O quão terrível foi está inscrito no modo como tentamos curar as feridas da carne e do espirito ao mesmo tempo que reinventamos uma e outro”

Por Boaventura de Sousa Santos – Outras Palavras

Quando um dia se puder caracterizar a época em que vivemos, o espanto maior será que se viveu tudo sem antes nem depois, substituindo a causalidade pela simultaneidade, a história pela notícia, a memória pelo silêncio, o futuro pelo passado, o problema pela solução. Assim, as atrocidades puderam ser atribuídas às vítimas, os agressores foram condecorados pela sua coragem na luta contra as agressões, os ladrões foram juízes, os grandes decisores políticos puderam ter uma qualidade moral minúscula quando comparada com a enormidade das consequências das suas decisões. Foi uma época de excessos vividos como carências; a velocidade foi sempre menor do que devia ser; a destruição foi sempre justificada pela urgência em construir. O ouro foi o fundamento de tudo, mas estava fundado numa nuvem. Todos foram empreendedores até prova em contrário, mas a prova em contrário foi proibida pelas provas a favor. Houve inadaptados, mas a inadaptação mal se distinguia da adaptação, tantos foram os campos de concentração da heterodoxia dispersos pela cidade, pelos bares, pelas discotecas, pela droga, pelo facebook. (mais…)

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José Dirceu, por Valério Arcary

No Correio da Cidadania

Fui atingido por um tsunami de rancor contra o Zé Dirceu. Há muita gente, realmente, que o odeia. Falam dele como o abominável.

Nos lugares mais inusitados: no laboratório em que fui fazer exames de sangue; na padaria que frequento; até no Palmeiras!

Imagino que no mundo dos executivos das grandes empresas, os mesmos que estão dando ordens para enxugar gastos e demitir milhares de funcionários, devem estar comemorando.

Eu não tenho, tampouco, qualquer simpatia pelo Zé Dirceu que está preso em Curitiba. Ele me desperta aversão, até repulsa. Mas por razões opostas às das classes médias reacionárias. (mais…)

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Por que odiar o PT

IHU On-Line

“Caros amigos que odeiam o PT: podem ter certeza de que odeio o PT tanto quanto vocês – mas por razões diferentes. Odeio porque ele cumpriu a promessa de continuidade. Odeio porque ele não rompeu com os esquemas que o antecederam. Odeio por causa de Belo Monte e do total descompromisso com qualquer questão ambiental e indígena. Odeio porque nunca os bancos lucraram tanto. Odeio pela liberdade e pelos ministérios que ele deu ao PMDB. Odeio pelos incentivos à indústria automobilística e à indústria bélica. Odeio porque o Brasil hoje exporta armas para Iêmen, Paquistão, Israel e porque as revoltas do Oriente Médio foram sufocadas com armas brasileiras. Odeio porque acabaram de cortar 3/4 das bolsas da Capes”, escreve Gregorio Duvivier, ator e escritor, um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo: (mais…)

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Utopia como fim da barbárie

“O fundamento da utopia é ser a severa e ilustre crítica da realidade. A utopia é um constante trabalho contra o instituído”

Por Daniel Oliveira, em O Tempo

Após três anos sem edição em Belo Horizonte, o Ciclo de Conferências Mutações volta à capital, entre os dias 13 de agosto e 22 de setembro, com 13 palestras em torno do tema “O Novo Espírito Utópico” no auditório do BDMG. Abaixo, o filósofo e idealizador do evento, Adauto Novaes, fala sobre a relevância da utopia diante da crise atual. As inscrições já estão abertas no mutacoes.com.br. (mais…)

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O Brasil que queremos, por Emir Sader

Estão todos convidados a participar deste projeto, dessa busca de novas utopias, de novos protagonismos, de rejuvenescimento das lutas emancipatórias

Carta Maior

Com esse título, estamos começando a colocar em prática um projeto que pretende, através de um amplo ciclo de debates com movimentos sociais, culturais, com as distintas expressões da juventude, com intelectuais, professores, profissionais – em suma, com todo o mosaico dos que estão interessados no futuro do Brasil -, formular propostas do país que queremos, do Estado que queremos, da sociedade que queremos, da vida que queremos, do futuro que queremos para todos nós. E, ao mesmo tempo, mobilizar e trazer para o debate e a ação política por essas propostas setores hoje praticamente ausentes do cenário politico. Por isso aos jovens e às mulheres são reservados lugares especiais, prefigurando o Brasil que queremos. (mais…)

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Freire e Galeano: as utopias que movem a América Latina

Por Nilda Franchi (1)

O tema sobre a Utopia sempre traz à nossa frente um desafio: concentrar nossos esforços em dois movimentos: um movimento constitucional, voltado ao deslumbramento sobre as mudanças de algumas ações afirmativas; e outro, pautado em uma visão comprometida com as possibilidades de transformação das dimensões sociopolíticas, econômicas e culturais de um povo. Estes movimentos abrem precedentes e escapam “à sede, precisão e verdade de cientistas e filósofos […] O papel das utopias no desenrolar dos séculos vai muito além do território do humor e da ficção…”.(2) (mais…)

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