Diocese de Tianguá prepara 17ª Romaria da Terra e a 1ª das Águas do Ceará

Por Monaine Sá,  da Cáritas Diocesana de Tianguá, em Inajá News

A Romaria é um momento forte de celebração das lutas dos povos e de denúncia de tudo aquilo que ameaça a vida dos seres humanos e da natureza em sua totalidade. É um momento de unidade entre filhas e filhos de Deus que em seus territórios vivenciam os maus tratos da sociedade capitalista, injusta e opressora, mas que se fortalecem na comunhão com as muitas irmãs e irmãos que se colocam a caminho na construção do Reino de Jesus de Nazaré. É um espaço de fortalecimento das lutas trazidas por cada romeira e cada romeiro do chão onde vivem e fazem a vida acontecer, e buscar unificá-las, construindo um projeto comum de defesa e promoção da vida em todas as suas dimensões.

Animada pelo espírito do Deus Criador, a igreja particular da diocese de Tianguá se prepara para acolher as romeiras e os romeiros de todo o Ceará para juntos celebrar a 17° Romaria da Terra e 1° das Águas. A igreja caminhante estará reunida no dia 02 de agosto no território da histórica cidade de Viçosa do Ceará, distante 30 km da sede da diocese, terra dos índios Tabajaras do ramo Tupi, Anacé, Arariu e Croatá do ramo Tapuya, grupos que ainda hoje lutam e resistem pela posse de suas terras no município de São Benedito. As demais aldeias foram expulsas de seus territórios por volta do século XVI em tentativas de colonização pelos portugueses. É neste chão de verdes matas, de clima úmido e semiárido e de biomas diversos, que romeiras e romeiros se encontrarão para partilhar a vida que brota no território de cada um e cada uma.

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Com o tema “TERRITÓRIO: POVO IRMÃO, TERRA E ÁGUA EM NOSSAS MÃOS” a romaria quer expressar utopia, no sentido de esperança, de movimento, de caminho, que vai se tornando “topia” no cotidiano de nossos povos em suas lutas e resistências. Quer expressar também um grito, um clamor de todos os povos que buscam, de muitas maneiras, permanecer em seus territórios ou retomarem os que lhes foram tomados.

Que a sensibilidade da caminhada rumo a grande celebração da Romaria da Terra e das Águas possa gerar em nós uma espiritualidade de cuidadoras/es dos bens naturais dados por Deus, (re)afirmando que eles não podem ser concentrados nas mãos de poucos. Que devem estar a serviço de toda a humanidade, a partir dos princípios do cuidado e da sustentabilidade.

Imagem: Reprodução do site Inajá News.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Puan Guerra.

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