Mais uma vitória! Defensoria Pública do Vale do Ribeira, SP, consegue suspender remoção das famílias quilombolas de Barra do Turvo

Da Redação Última Instância

As medidas que vinham sendo adotadas pela Autopista Régis Bittencourt – concessionária da BR-116 – para remover cerca de dez famílias quilombolas que moram perto da rodovia na cidade de Barra do Turvo foram suspensas devido ação da DP-SP (Defensoria Pública de São Paulo). Notificada extrajudicialmente pela Defensoria, a companhia informou não saber previamente que os moradores são quilombolas.

Segundo o defensor Andrew Toshio Hayama, moradores procuraram a DP-SP em maio informando que a concessionária os notificara extrajudicialmente para que deixassem suas casas na altura do km 548 da rodovia, que liga São Paulo a Curitiba (PR). Eles teriam cinco dias para sair do local, caso contrário a empresa tomaria as “medidas cabíveis”.

Alguns dos quilombolas responderam que tinham direito de permanecer no local ou, pelo menos, de indenização, pois ocupam o imóvel há décadas. A concessionária, inicialmente, informou que a desocupação “não enseja qualquer indenização, por se tratar de faixa de domínio rodoviário de propriedade da União Federal”.

A defensoria notificou a concessionária extrajudicialmente no dia 3 de junho, informando que o imóvel é território quilombola com origens no século XIX e reconhecido desde 2009 pela Itesp (Fundação Instituto de Terras), do governo paulista. A DP-SP argumentou também que, se é discutível o direito de permanência, é inconcebível que os quilombolas sejam expulsos sem indenização ou garantia de realocação.

“Sem ingressar no mérito da viabilidade jurídica da pretensão da concessionária, inaceitável, por outro lado, a postura autoritária, a atitude intimidatória e a adoção de medidas unilaterais, violando-se, no mínimo, direito à prévia consulta da comunidade quilombola e dos membros que serão diretamente afetados”, afirmou Toshio no documento.

A concessionária respondeu na quarta-feira (26/6) que desconhecia o fato de que os moradores são quilombolas, “fato que certamente mereceria atenção por parte da Concessionária”, conforme a empresa. Além de suspender qualquer medida voltada à remoção das famílias, a Autopistas Régis Bittencourt informou que submeteria o caso à avaliação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Comments (1)

  1. Acho lamentável esta atitude da Auto-pista Régis Bittencourt,que age como se fosse um Governo independente,não respeitando nossas Leis e se utilisando de COAÇÃO para desalojar Familias que tem total DIREITO as Terras.
    Esta empresa que cobra Pedagios há mais de 6 anos na Régis Bittencourt,deveria cumprir sua obrigação,duplicando o trecho da Serra do Cafézal,pois foi autorizada a cobrar Pedagios para isto e não pra fazer TERRORISMO com Familias humildes.

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