Convite à polêmica – “Monotonia conveniente: a ideologia aquecimentista”

Discordando de uma insistência quase hegemônica, há quem problematize o debate sobre o aquecimento global a partir da política e do próprio rigor científico

Oswaldo Sevá*

Esclarecimento necessário: o autor desse artigo não é climatólogo, nem pesquisadorde química ou física atmosférica, nem geólogo. Não tem condições profissionais nem legitimidade para afirmar nem desmentir assertivas sobre a história recente ou remota do planeta Terra, nem sobre dimensões e comportamento do seu imenso volume de águas oceânicas, lacustres, fluviais e da sua imensa massa de gelos, neves, nuvens e chuvas.

Como engenheiro mecânico e velho pesquisador na área de Energia, tem plena consciência de que a atmosfera, essa estupenda casquinha de gases, poeiras, vapores econdensados que nos envolve, é uma máquina termodinâmica com dois motores: a radiação do sol que nos bate a cada segundo e em todos os recantos a cada dia e ano; e o calor interno do núcleo fundente do planeta. A longuíssimo prazo, parece que esses dois motores tendem a esfriar por causa do decaimento radiativo – é o que dizem atualmente os estudiosos da física nuclear e da astronomia, e faz sentido.

Muita gente sabe ou intui que não fervemos nem explodimos ao fim de um dia de verão tórrido porque no outro hemisfério faz frio no mesmo dia, e a massa atmosférica se vira como pode soprando ventos e sendo sacudida pelos alísios da rotação planetária. Também porque a casquinha de poucos quilômetros de espessura conta com um poderoso e onipresente estabilizador e dissipador dessa energia, a massa aquática bem mais espessa, em permanente circulação, em incessante troca de estados físicos: de líquido a sólido e de novo a líquido, daí a vapor e, de novo, a líquido.

De fato, há consenso de que a atmosfera da Terra é única e funciona para nós como uma verdadeira estufa de criar plantas; que ela segura por aqui, por causa das sucessivas reflexões dos raios nas camadas de gases, poeiras, nuvens e gotículas, um pouco do estupendo calor que retornaria, se perdendo, ao espaço sideral. O planeta sim resfriaria se não existisse a atmosfera como ela é. Em inglês, é o “greenhouse”, na língua francesa, o “effet de serre”, na castelhana, o “efecto invernadero”. Em todas as línguas, a compreensão de que a casquinha irradiada e quase transparente é tão fundamental para a vida como o calor do útero. Eis o único consenso.

O restante da conversa é criação da linguagem, da sociedade, suas ciências e suas mídias. Quando se quer afirmar a todo custo, que “está aquecendo” e que isto resultada nossa ação, chamada de “antrópica”, trata-se de uma ideologia refinada, uma crença monótona, conveniente para muitos lados das lutas políticas e de classes deste novo milênio. Nem todos, aliás!, como veremos aqui algumas pistas.

Aquecimento global: uma impostura científica

Este é o impiedoso título de um extenso artigo publicado em 2003 pelo cientista francês Marcel Leroux, recentemente falecido. Professor de Climatologia da Universidade Jean Moulin – Lyon III e diretor do Laboratório de Climatologia do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), ele é o autor dos livros Global Warming: Myth or Reality? The Erring Ways of Climatology e La dynamique du temps et du climat. Eis alguns trechos selecionados do início do seu artigo, traduzido pelo site português Resistir.Info:

“O aquecimento global é uma hipótese fornecida por modelos teóricos. Baseia-se em relações simplistas que anunciam um aumento da temperatura, proclamado mas não demonstrado. São numerosas as contradições entre as previsões e os factos climáticos observados directamente. A ignorância destas distorções flagrantes constitui uma impostura científica. Nos anos 70 (do séc. XX) verificou-se um desvio climático (que os modelos não ‘previram’). Traduziu-se num aumento progressivo da violência e da irregularidade do tempo e foi provocado pela modificação do modo de circulação geral da atmosfera. O problema fundamental não é prever o clima em2100. Deve-se, antes, determinar as causas daquele desvio climático recente. Isso permitiria prever a evolução do tempo no futuro próximo.”

Mais adiante, ele lembra que nos Estados Unidos, a memória do tempo inclemente dos anos 1930 foi reavivada pelo verão extremamente quente de 1988, e daí: “Seguiu-se-lhe a dramatização (‘greenhouse panic’). Inicialmente assunto da climatologia, o tema passou a ser tratado com emoção e irracionalidade. Depressa evoluiu para o alarmismo. Perdeu o seu conteúdo científico. Questiona-se actualmente: estaremo sainda a falar de climatologia? Com uma ‘convicção’ geralmente proporcional à ignorância dos rudimentos da disciplina, os ‘climatólogos autoproclamados’ propagam hipóteses procedentes dos modelos. Hipóteses infundadas ou malestabelecidas e não corroboradas pelas observações.”

Leroux é bem precavido quanto ao fato propalado de que os relatórios do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) são preparados por “centenas de cientistas”: “O número anunciado pode iludir e escondero monolitismo da mensagem. Na realidade, uma pequena equipa dominante impõe o sseus pontos de vista a uma maioria sem competências climatológicas. O ‘I’ de IPCC significa, com efeito, ‘intergovernamental’. Significa que os pretensos cientistas são antes do mais representantes governamentais.”

Encontrar um brasileiro, especialista, que conteste a monotonia da pauta“aquecimentista” foi bem mais difícil, mas… existe um meteorologista, que aqui representa a Organização Meteorológica Mundial, com sede em Genebra, o Sr. Luis Carlos Molion. Ele assim respondeu a uma pergunta do site UOL Ciência e Saúde, em dezembro de 2009, enquanto se desenrolava a badalada e fracassada Conferência COP 15, na capital da Dinamarca:

“Q: O senhor, então, contesta qualquer influência do homem na mudança de temperatura da Terra?

Molion: Os fluxos naturais dos oceanos, pólos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de toneladas de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões de toneladas, portanto as emissões humanas representam 3%. Se, nessa conferência ,conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões? Não vai mudar absolutamente nada no clima.”

A ciência do clima: observações versus modelos

O site californiano Global Research.Ca acompanha com farta publicação temas tão variados como ambiente, petróleo e energia, biotecnologia, medicina, pobreza e, especialmente, os crimes contra a humanidade, a militarização e o estado policia lemergente após o atentado de 11 de setembro. Nele, o articulista Richard Moore compila os resultados da análise do gelo da Groenlândia que indicam as temperaturas no hemisfério Norte no período longo de 2.000 anos AC até o ano de 1900, e organiza as medições das temperaturas da superfície terrestre em três latitudes distantes, dessa data até hoje.

Para o leitor sedento dos números e gráficos, ele registra os principais links dos relatórios do satélite NOOA, do Instituto Goddard, do Centro Marshall, bem como os trabalhos recentes de Roy Spencer, (da University of Alabama, Huntsville e do U.S.Science Team Leader for the Advanced Microwave Scanning Radiometer) que trata os dados do satélite NASA-Acqua. Ele tirou conclusões opostas às da ideologia aquecimentista, principalmente por causa do comportamento das nuvens pesada s(cirrus) e das chuvas quando ocorre aquecimento da superfície terrestre. Para não cometer erros, traduzo abaixo um trecho de Moore, comentando a pesquisa de Spencer: “O que ele encontrou, dirigindo os sensores dos satélites para os alvos apropriados, é que a resposta de retroalimentação (‘feedback response’) é mais negativa do que positiva. Em particular, ele verificou que a formação de nuvens ‘cirrus’ de tempestades é inibida quando as temperaturas da superfície do globo são altas. As nuvens ‘cirrus’ são elas mesmas um poderoso gás de efeito estufa, e essa diminuição na sua formação pode compensar o aumento de aquecimento causado pelo CO2”.

Os modelos climáticos e a opinião pública

Cito agora trechos de Moore onde ele desvenda o restante da argumentação científica e política pois, nesse caso, não temos mais como separar uma da outra: “No caso dos modelos climáticos que estão sendo usados pelo IPCC, a suposição é de que o CO2 é um controlador fundamental do clima. Há uma base intuitiva para essa suposição, dado que o CO2 é um gás de efeito estufa, e tanto o CO2 como a temperatura tem-se elevado substancialmente no último século. Além disso, observou-se uma forte correlação entre os níveis de CO2 e a temperatura em registros de longo prazo revelados por amostras de gelo. Mais ainda, a queima de combustíveis fósseis continua a poluir a atmosfera (e os oceanos) com níveis cada vez mais altos de CO2. Isso levou à hipótese de que a temperatura pode se elevar abruptamente, colocando em perigo a vida no planeta. Tudo isso foi apresentado de forma bastante dramática por Al Gore em seu famoso documentário.”

Lembrando que o famoso modelo do egípcio Ptolomeu, no segundo século da eracristã, colocando a Terra no centro do sistema solar, era quase perfeito, Moore destaca que: “Assim como com o modelo ptolomaico, há vários problemas com a suposiçãode que o CO2 condiciona o clima, e com a predição de aquecimento perigoso. Em primeiro lugar, os registros de longo prazo mostram que primeiro a temperatura sofreu mudanças históricas, seguidas muito depois por alterações nos níveis de CO2. Outra coisa é que tem havido períodos de resfriamento significativo em ano srecentes, mesmo enquanto os níveis de CO2 continuaram a se elevar dramaticamente.”

“Além disso, os registros de longo prazo mostram que a temperatura foi no passado muito mais alta que hoje – inclusive há apenas mil anos (o Período de Aquecimento Medieval) – e nenhum desastre bizarro, tal como a extinção de ursos polares ou ciclos de retroalimentação positiva (runaway feedback loops), ocorreu em conseqüência disso. Assim como com o modelo ptolomaico, há facções politicamente poderosas que encamparam para seus próprios propósitos a teoria do aquecimento global danoso de origem antropogênica. Por enquanto, basta dizer que generosos fundos foram fornecidos para os cientistas da CRU (Climatic ResearchUnit), que ficaram mais que dispostos a ‘refinar’ o modelo para lidar com a ‘verdade inconveniente’ dos problemas do modelo – mesmo que isso requeresse coisas como ‘esconder o declínio’.

Finalizo protegendo a própria imagem: criticando os “aquecimentistas”, tem gente séria e bem informada como os citados, mas também vários fundamentalistas neoliberais ,guerrilheiros do livre mercado, a indústria carbonífera, além dos senhores do petróleo e suas guerras. Quem se interessar, vá ao site Competitive Enterprise Institute, de onde se pode navegar no http://www.globalwarming.org/ e, daí, pular para outro endereço que questiona o falado filme Uma verdade inconveniente –http://www.noteviljustwrong.com/home (ou seja: ele não é o diabo, apenas está errado). Um dos mais ferinos desses “direitosos” publicou, em 2007, Os 35 erros dofilme de Al Gore. Seu nome plebeu é Christopher Walter, mas trata-se do TerceiroVisconde Monckton of Brenchley, assessor político direto da ex-primeira ministra Margaret Thatcher. Espero não ser confundido com essa gente, e que eu tenha honrado o nome da revista: é hora e vez de estar na Contra Corrente!

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Um contra-exemplo: No início de outubro deste ano, organizamos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) um Fórum intitulado “Injustiça Ambiental e Saúde :os atingidos pela poluição do ar”, no qual pesquisadores universitários e lideranças de entidades não governamentais levaram o seu testemunho e experiência sobre o avanço dramático dos números medidos de poluição do ar (poeiras, fumaças, hidrocarbonetos, inclusive os aromáticos bastante patogênicos, gases de nitrogênio e de enxofre, precursores de chuvas ácidas e de ozônio respirável) e sobre a degradação das condições de vida de populações em áreas carboníferas, siderúrgicas e do agronegócio. Esses temas e assuntos cruciais para a saúde e sobrevivência do ambiente e da espécie humana vêm sendo obscurecidos, desprezados e omitidos pelos que, nas empresas, governos, universidades e ONGs, passaram a seguir a moda e o credo aquecimentista. Muito antes de aquecer, se é que aquece… a atmosfera está certamente sendo envenenada.

Referências:

Leroux, Marcel: Réchauffement global: une imposture scientifique foi publicado no nº 95, Março-Abril/2003 da revista Fusion. http://www.revuefusion.com/images/Art_095_36.pdf . Os trechos aqui reproduzidos na íntegra foram obtidos no site português http://resistir.info/climatologia/impostura_cientifica.html. Mais informação em português, acerca da teoria do Prof. Leroux em http://mitos-climaticos.blogspot.com.

Molion, Luis Carlos, entrevista em “Não existe aquecimento global”, diz representante da OMM na América do Sul, Carlos Madeiro, 11.12.2009, no site http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/.

Moore, Richard. Climate Sciences: Observations x Models, acessível em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=16865 08.01.2010. Em português em http://resistir.info.

*Oswaldo Sevá é engenheiro mecânico, doutor em Geografia Humana e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – [email protected]/[email protected].

Comments (4)

  1. Solicito que o artigo “Mészáros e Ciência, mais o Falso Consenso Científico” seja publicado em Combate ao Racismo Científico.
    Nesse artigo questiona-se a ciência engajada no capitalismo e damos a Hipótese do Aquecimento Global como exemplo da falsa ciência consensual, comparável ao também falso consenso da Hipótese Geocêntrica.

    Mészáros e Ciência, mais o Falso Consenso Científico

    por José Carlos Parente de Oliveira (*)

    István Mészáros, em O Poder da Ideologia, Ed. Boitempo, SP, 2004, afirma, “A idéia de que a ciência segue um curso de desenvolvimento independente, de que as aplicações tecnológicas nascem e se impõem sobre a sociedade com uma exigência férrea, é uma simplificação demasiadamente grosseira e com objetivos ideológicos”. E mais, “defender a absoluta imanência do progresso científico e de seu impacto sobre os desenvolvimentos sociais, só pode servir aos propósitos da apologia social. Assim, para o autor, a ciência não é um corpo (…) neutro de conhecimento, é antes o reflexo do sistema social que a envolve.

    Mészáros, no mesmo livro, cita que: “(…) o mais básico da ciência que realizamos é um produto de nossa sociedade. Portanto, certos tipos de sociedade realizam certos tipos de ciência; investigam determinados aspectos da natureza. A religião babilônica antiga exigia a previsão exata dos acontecimentos celestes, e a ciência babilônica era muito dedicada ao estudo intensivo da astronomia. O capitalismo emergente da revolução industrial na Grã-Bretanha exigia avanços tecnológicos na geração de energia, e os físicos estudaram as leis da termodinâmica e da conservação e transformação de energia. (…) também é verdadeiro que (…) em algumas sociedades alguns tipos de ciência não são praticados. Tornam-se mesmo impraticáveis (…).”

    O Brasil é um bom exemplo deste último tipo de sociedade. Somos abundantes em energias eólica e solar – as “meninas dos olhos” do dito desenvolvimento sustentável – e não temos pesquisa e desenvolvimento conseqüente nestas áreas. Somos o segundo maior “mercado” mundial de telefonia móvel – e que pesquisa temos neste campo? Quando muito, um desenvolvimento marginal. Sequer montamos o que consumimos! Em qual campo do saber somos proeminentes? E atente-se para o fato de sermos um dos 13 países que mais produz artigos científicos e a 8ª economia mundial.

    O que vemos e assistimos é que o modo de produção capitalista estabelecido e suas relações de propriedade são apresentados como infalíveis e insuperáveis, portanto únicos, e nada pode entrar em cena para perturbá-los: a natureza, assim como a sociedade, funciona perfeitamente e, qualquer intervenção humana, terá o condão de destruir e ameaçar esta ordem perfeita. Assim, também é a ciência financiada pelo modo de produção capitalista. Principalmente, tratando-se de sociedades em desenvolvimento.

    Foi criado e desenvolvido ao longo de séculos, e colocado em nossas mentes, um modelo de sociedade e de ciência prontos a identificar como normal e desejável tudo aquilo que se encaixa nos padrões instituídos pelos “poderosos” do momento histórico. Portanto, nossa percepção da sociedade e da natureza é historicamente construída – enxergamos somente aquilo que nos ensinaram a ver, com destaque para algumas partes, enquanto outras são, convenientemente, descartadas. Em conseqüência, se na sociedade as relações sociais prevalentes são eternas, nada mais natural que criar uma ciência natural que postule a imutabilidade da natureza, pois as mudanças, sociais ou naturais, são prejudiciais e temíveis. E assim, uma vez estabelecidos os padrões, toda dissidência deve ser exterminada!

    No mesmo livro, Mészáros também tece considerações sobre as supostas objetividade e neutralidade conferidas às ciências naturais, por seu caráter eminentemente experimental e instrumental. Ora, como os cientistas naturais precisam de uma estrutura de apoio e de instrumentos complexos e caros, eles necessitam de vultosos recursos materiais e financeiros como condição elementar para sua atividade. Dessa forma, esses cientistas naturais não são tão livres e desvinculados e podem perder as condições instrumentais e institucionais indispensáveis à sua atividade, caso tomem alguma iniciativa no sentido de denunciar práticas abusivas de seus “patrões”. Todos sabemos que financiamentos científicos são quase que exclusivamente acessíveis a poucas sociedades ditas “avançadas”, o que é determinante para a perpetuação do sistema de desigualdades e exploração em escala global e, efetivamente, em nada contribui para sua eliminação ou mesmo superação. A ciência e a tecnologia nos países capitalistas ditos avançados operam de acordo com os ditames e objetivos das poderosas estruturas econômicas, politicamente organizadas e “aliadas” dos governos.

    E o consenso científico? Ele existe? Nas atividades em ciência é muito comum, e mesmo desejável, que um pesquisador ou grupo de pesquisadores procurem reforçar seus achados, com achados de outros pesquisadores independentes. De forma que, quanto mais achados similares e independentes há, mais acreditada passa ser a ciência desenvolvida. Seria essa acreditação o consenso científico? Se sim, ele necessariamente não é imutável, pois a ciência evolui.

    O fazer ciência inclui etapas como a verificação de fatos e achados, argumentação racional, revisão de resultados similares, com a possível repetição desses resultados, revisão da metodologia, busca de novos fatos e achados, e interpretação. Todo esse trabalho pode resultar em debate sobre a validade de distintas conclusões obtidas. Quando isso ocorre deve-se fazer, no mínimo, uma revisita a todas àquelas etapas. Porém nunca, em hipótese alguma, o debate deve ser decidido por votação a favor de uma ou outra conclusão.

    Dessa forma, nos parece muito claro que o consenso não deve ser parte da metodologia científica, tampouco deve ser critério a ser utilizado para determinar sobre a validade ou não de dada teoria.

    Historicamente, há dois momentos em que foi atribuído um “consenso científico”, os quais se enquadram perfeitamente no arcabouço da ideologia do poder, e são exemplos claros do poder da ideologia. São eles, a hipótese do sistema geocêntrico e a hipótese do aquecimento antropogênico.

    Naquele momento o consenso assemelhou-se à máxima falaciosa que se muitas pessoas importantes acreditam em uma idéia, não é razoável considerá-la falsa. E foi assim ao longo de séculos, quando a Igreja, auto definida como feita de homens cultos, sérios e importantes, forçou a sociedade a acreditar que a Terra era o centro do Universo, ao preço de até cometer atrocidades. Nesse episódio, a autoridade foi imposta como critério de verdade.

    Neste último momento, novamente foi imposta a autoridade como critério de verdade, aliada a uma decisão por votação – cerca de 2500 dos mais “importantes cientistas” de diferentes áreas de estudos e “representantes de governos” garantiram que o aquecimento global é antropogênico e decidiram por votação que o consenso era um fato e que a ciência do clima estava estabelecida! E como importantes reforços foram apresentadas a formulação de cenários não realistas, mas convenientes aos interesses “políticos” de certos grupos de pressão e o sofisma do consenso que resultou da concordância entre as projeções climáticas obtidas pelos 22 modelos do IPCC (concordância que pode resultar do fato dos modelos basearem-se nos mesmos pressupostos sobre o sistema climático, ou concordância que pode resultar do fato dos modelos cometerem os mesmos erros). Ao longo e ao fim, não há, absolutamente, nenhum achado científico verificável que garanta a exatidão das projeções para daqui a 10, 50 ou 100 anos. O que há de fato são projeções de modelos climáticos precários e manipuláveis – afinal, o sistema climático é muito complexo e o seu desconhecimento obriga os cientistas do clima utilizarem muitas parametrizações!

    Por que empregar tanta energia e esforço com uma “discussão” criada para empanar o verdadeiro problema: o modo de produção capitalista que embrutece o homem, dilapida o planeta e suja o meio ambiente? A razão dada pelos céticos para continuar a discussão são as violentas e injustificadas campanhas midiática e ONGmática para mudar o mais rápido possível a matriz energética mundial, aliada à necessidade de mudanças nos hábitos de vida da humanidade.

    (*) Professor, doutor em Física e Pós-doutorado em Física da Atmosfera.

  2. Prezados,

    É lamentável que, sem o devido conhecimento de causa e sem preocupação com as fontes, as pessoas passem a comentar sobre a questão climática. A postura anti-ciência do clima é comparável ao criacionismo e a outros ataques bem conhecidos à ciência em geral. Estou preparando uma resposta ao texto acima e gostaria de que o mesmo tivesse espaço para publicação.

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