Transporte de urânio: manifestação crescente em frente à prefeitura de Caetité, na Bahia

A frente da Prefeitura Municipal de Caetité, na Bahia,  está tomada por centenas de manifestantes, principalmente estudantes, que foram aguardar o desfecho da reunião que começou agora a pouco, na Prefeitura, com dirigentes da INB e representantes das entidades e movimentos sociais e populares para definir o destino da carga radioativa, estacionada desde a noite de domingo, no Batalhão da PM, em Guanambi.

A expectativa é grande e o resultado da reunião está sendo aguardado, com preocupação, não somente em Caetité, mas em municípios vizinhos, como Lagoa Real, Guanambi cujos moradores já se posicionaram  contra a permanência da carga nuclear, destinada para a Unidade de Concentração de Urânio em Caetité.

O transporte da carga continua envolvido em polêmica, pois segundo a INB traria 90 toneladas de urânio, mas se calcula que com tantas carretas usadas o material deve conter cerca de 170 toneladas de material radioativo. Ainda segundo a INB, o material vem para ser reembalado segundo as normas para transporte marítimo internacional e entrada na Europa.

Mas como o histórico do setor nuclear é de falta de transparência e muita ação sigilosa, a população de Caetité, que já conhece a falta de diálogo e de controle social sobre a atividade da mineração, não acredita nas explicações da INB. O Governo do Estado, por sua vez, através do Secretário de Meio Ambiente,  ligou para as autoridades de Caetité, buscando esclarecimento e revelando não ter sido informado antes sobre o carregamento atômico. O fato é que o IBAMA, CNEN e INB-Caetité, outra vez, estão sob severas criticas, com grande repercussão nos meios políticos, inclusive de parlamentares federais do PT, que tem se manifestado sobre o assunto. Não se sabe quem  autorizou este transporte radioativo que tem normas específicas e de SP, atravessou o território mineiro e baiano até chegar no sudoeste do Estado, tudo dentro da “normalidade” nuclear,  segundo declarou o coordenador do transporte, para quem a INB não precisa informar a governador nenhum, nem a prefeito nenhum, muito menos à população, sobre suas ações, devendo explicações apenas à CNEN e IBAMA.

A população de Caetité, que vinha sofrendo com tanta prepotência ao longo de mais de 11 anos de funcionamento da mineradora, está agora nas ruas, em estado de alerta permanente, disposta a não deixar a carga passar para o distrito de Maniaçu, onde funciona a mineração. Segundo se comenta, o prefeito de Caetité disse que estará ao lado do que a população decidir. E a população não quer esta carga, que não sendo lixo atômico, vai gerar lixo, numa unidade industrial cujas bacias de armazenagem de rejeitos estão saturadas, sendo este um dos motivos que levou a redução da produção de concentrado de urânio em Caetité, desde julho do ano passado.

Estas são as informações que nos chegaram agora e estamos pedindo para vocês divulgarem para suas listas de contato.

Zoraide Vilasboas.

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