Pelo Fim à Liberdade também da Média Imprensa

Frei José Alamiro Andrade Silva, ofm

O artigo de Renato Prata Biar “Pelo fim à liberdade da grande imprensa” me fez pensar que também a MÉDIA IMPRENSA católica (TV Vida, TV Aparecida, TV Canção Nova, TV Pato Branco e outras mais que possam existir com suas rádios e jornais), que pretende ser grande e macaqueia a Globo etc, merece o mesmo tratamento proposto pelo articulista, com o qual estou de pleno acordo.

Nos idos de 1970, quando houve a Intervenção do Império Anglo-Saxão-Norteamericano nas “colônias” do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai), trabalhei junto com o Cardeal Arns no pequeno (15 mil exemplares à época) semanário O SÃO PAULO e na Rádio NOVE DE JULHO. Quando insistimos em fazer uso da liberdade de imprensa divulgando verdades que não agradavam à Ditadura Civil/Militar, o que foi que aconteceu? A NOVE DE JULHO foi fechada sem qualquer explicação e o SÃO PAULO censurado de tal forma que não podíamos publicar nem trechos da Constituição, dos clássicos da língua portuguesa, nem mesmo versículos da Bíblia. Onde a censura colocava o carimbo VETADO só podíamos escrever “LEIA E DIVULGUE O SÃO PAULO”.  E naqueles momentos de censura e sofrimento ninguém da GRANDE IMPRENSA se solidarizou conosco, muito ao contrário, fez coro com os ditadores. Mais tarde – é verdade – a Ditadura atingiu também o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, que só podia publicar receitas de bolo e versos de Camões nos espaços que tinham sido vetados pela Censura Federal.

Por que será que hoje nenhuma MÉDIA IMPRENSA e muito menos a GRANDE IMPRENSA sofrem qualquer censura? Será que estão todos afinados com o espírito capitalista neoliberal que vai moldando esta sociedade do consumo, da droga, do sem sentido? Será que religiões, seitas e igrejas, fanatizando seus seguidores, não os estão induzindo a viver fora da realidade e a cometer sandices e até crimes hediondos? Não é isto o que vemos em figuras patéticas como Bin Laden, Welington da escola no Realengo, no Rio, e Ali Agca, que alvejou o Papa João Paulo II? Por que as drogas químicas são consideradas ilegais e tais crenças não?

Dentro da Igreja Católica Apostólica Romana e suas instituições religiosas, nos seus veículos de comunicação interna, há liberdade de imprensa de tal modo que seus membros possam livre e publicamente defender seus pontos de vista? Não é o que demonstram casos como os dos teólogos Leonardo Boff e Jon Sobrino e da própria Teologia da Libertação?

Estou convencido de que nunca o PODER (civil ou religioso) vai concordar com a verdadeira liberdade de imprensa, liberdade de dizer a VERDADE TODA, ainda que dita com educação e amor. Onde o poder é SERVIÇO de “lavar os pés dos súditos” aí tudo é diferente. Se quisermos usufruir deste nosso direito sagrado de pensar e expressar publicamente nosso pensamento, só nos resta uma saída:

Ter a coragem que teve o grande profeta João Batista e aceitar que nossa cabeça, numa bandeja dourada, seja oferecida às Salomés de hoje!

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.