Mais um pacote que valoriza a cultura negra chega ao circuito educacional brasileiro

Denise Porfírio/FCP

Por Daiane Souza

Chega ao circuito educacional mais uma contribuição para o efetivo cumprimento da lei que obriga o ensino da história e da cultura afro-brasileiras nas escolas: kits do projeto Mestres e Griôs do Brasil. Fruto de parceira entre a Fundação José de Paiva Netto e a Fundação Cultural Palmares (FCP), o material será entregue em bibliotecas, universidades, associações e instituições que valorizam o patrimônio imaterial do País.

Constituídos por dois DVDs, os pacotes exibem programas interdisciplinares de televisão sobre aspectos culturais afro-brasileiros. Eles integram um conjunto de iniciativas que buscam contribuir para a efetivação da Lei 10.639, de 2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileiras nas escolas públicas e privadas do Brasil.

DISTRIBUIÇÃO – O diretor da Fundação José de Paiva Netto (FJPN) em Brasília, Enaildo Viana, entregou ao presidente Eloi Ferreira, na última terça-feira, 2.000 kits do projeto, para distribuição em instituições educacionais. O material não será disponibilizado a pessoas físicas, pois o objetivo é que sirva de apoio a professores de diferentes disciplinas, com num esforço para popularizar tradições de matriz africana.

Eloi Ferreira ressalta que o setor cultural do País tem dado importantes passos para o cumprimento da Lei 10.639, mas que é preciso muito mais para que seu objetivo seja plenamente alcançado. E lembra que a obrigatoriedade do ensino sobre a temática também está registrada no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288, capítulo II), sancionado em 20 de julho de 2010.

NA PRÁTICA – Temas como tradição oral, congada, jongo e maculelê buscam ampliar a compreensão de professores e estudantes sobre a cultura negra. A professora Waldicéia de Moraes Teixeira da Silva, da Secretaria de Educação do Distrito Federal, crê que a escolha do público-alvo foi a acertada. “É a comunidade escolar de hoje que vai mudar a visão das gerações futuras”, pontua.

Waldicéia destaca ainda que os materiais que vêm sendo produzidos para dar visibilidade à cultura afro-brasileira são de extrema importância para o resgate da identidade de um país que ainda se utiliza de referências européias para ensinar. “Até pouco tempo, o Estado e os movimentos se preocuparam em divulgar apenas o que já é popularizado, como o Hip Hop. Precisamos trabalhar com o que é nosso”, completa.

Negra, Armênia da Silva Santos, estudante do segundo semestre de Pedagogia das Faculdades Integradas Unicesp, já pensa em como trabalhar a história da África e dos afrodescendentes em suas aulas. “Tenho em mente oficinas para despertar os alunos para a importância da preservação das tradições”, conta. “O uso do material facilitará o ensino, concretizando o que será explicado em sala de aula”, conclui.

GRIÔS

Os Griôs são povos que carregam o dom da oratória e transmitem sabedoria popular com facilidade. Meio nômades, são líderes de grupos culturais, geralmente músicos e poetas de cultura popular, na maioria de origem negra, como capoeiristas, congadeiros e jongueiros. Na definição de Thomas Hale (1988), “são responsáveis por uma sabedoria e uma arte verbal presentes nos rituais da vida social”.

O herói negro em seu labirinto

Comments (3)

  1. Pode enviar, Sandro. A única questão é estar de acordo com o posicionamento do Blog. Mas penso que esse você sabe qual é, ou não estaria escrevendo para nós, mas para aqueles que querem apresentar os quilombolas como invenções ou como bárbaros que “atrasam o desenvolvimento”.

  2. Maravilhosa essa iniciativa. Tomara que o CECIP consiga ter acesso a 5 kits para serem distribuidos às escolas do Projeto Currículo Global, que incentiva os educadores a inserir o conceito de Diversidade em todas as aulas!

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.