— O branco é o que mais desmata aqui. Todos os anos pedimos para ele parar com a destruição, mas ele diz que a mata é dele e vai derrubar — denuncia Paradzané, que domina o idioma dos inimigos, mas não abre mão de manter a tradição dos xavantes, pintando os cabelos com urucum, ornando as orelhas com osso de onça parda e usando gravata cerimonial de algodão. A reportagem é de Liana Melo e publicada pelo jornal O Globo, 14-11-2010.
Os “guerreiros”, como Paradzané costuma chamar os índios que fazem a guarda da aldeia 24 horas por dia, são os responsáveis por impedir a entrada de estranhos. Munidos de armas de fogo, eles ficam acampados na entrada da aldeia. As marcas de bala na placa identificando a terra indígena são a prova da hostilidade entre os xavantes e os fazendeiros.
Apesar de viverem acuados na própria terra, já que 90% do seu território foi tomado ilegalmente por fazendeiros, sojicultores e posseiros, os xavantes lutam para manter as tradições. Os mais velhos são a autoridade máxima na tribo.
Os meninos ao completarem 10 anos passam por um período de reclusão de cinco anos na casa dos solteiros. É lá, afastados dos pais, que o menino xavante aprende a caçar, a pescar e a lutar.
— Só falamos xavante na aldeia e na escola. O português começa a ser ensinado no ensino médio — resume Paradzané.
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