Carros e jets ski luxuosos que, juntos, somariam mais de R$ 4 milhões , foram apreendidos pela PF de Montes Claros
Amália Goulart, do Hoje em Dia
A Justiça decretou a prisão de mais quatro pessoas acusadas de grilagem de terras públicas ou pertencentes a pequenos posseiros em um desdobramento da ‘Operação Grilo’, deflagrada pelo Ministério Público (MP), em conjunto com a Polícia Federal (PF). Os mandados de detenção juntam-se a outros nove expedidos na semana passada durante as investigações, que resultaram na exoneração de Manoel Costa da Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária.
Foram detidos Orozino Marques Carvalho e sua esposa Adelzuith Marques Santos. Ambos são apontados como responsáveis por operacionalizar a grilagem no Norte de Minas. Mesma suspeita recai sobre Ricardo de Carvalho Rocha e sua esposa Luciana Rocha Mendes. Estes dois tiveram a prisão decretada, porém, estão foragidos. Segundo o advogado da família, João Rafael Santos Silva, Adelzuith Marques foi liberada pois teve a prisão revogada após prestar depoimento em Montes Claros.
Já Orozino continua detido. Ele foi encontrado por agentes da PF em Belo Horizonte com R$ 14.950 em espécie. Em Montes Claros, a polícia apreendeu carros e jet skis de luxo, em nome de Orozino e Ricardo, no valor de R$ 4 milhões. O advogado informou que Ricardo Carvalho iria se apresentar ainda na quarta-feira.
Todos os envolvidos figuram na ação civil pública que motivou a operação. Em gravações telefônicas, Orozino e Ricardo combinam o recebimento de R$ 41 milhões da mineradora Vale, que nega envolvimento no esquema. Promotores do caso sustentam no documento que os dois indicavam as terras a serem legalizadas pelo Instituto de Terras (Iter). Também eram responsáveis pela negociação dos terrenos. Eram intermediários. “Ricardo comenta que está agilizando alguns documentos. Orozino fala que já tem o caminhão para levar a madeira e o arame, e a área que será cercada em Montezuma teria quatrocentos hectares”, diz um dos trechos das gravações referente ao dia 08 de agosto deste ano.
Conforme antecipou o Hoje em Dia, Ricardo estaria atrapalhando as investigações. Na semana passada, após a prisão de oito envolvidos no esquema, ele teria sacado R$ 900 mil. O saque foi um dos motivos que levaram o MP a pedir a detenção do acusado. O advogado João Rafael informou que seus clientes estão dispostos a colaborar com a Justiça, pois são inocentes. Segundo ele, Orozino irá apresentar “toda a documentação das fazendas” que teria negociado.
O Hoje em Dia teve acesso a uma fotografia que mostra Manoel Costa com os prefeitos Marcus Tácito Penalva Costa, de Indaiabira, e Virgílio Tácito Penalva Costa, de Vargem Grande do Rio Pardo, o empresário Altemar Ferreira, e o servidor Gilson Pereira de Freitas. Todos eles são acusados de fazer parte do esquema de grilagem de terras. A fotografia foi tirada em meio a uma terra no Norte de Minas. Altemar é acusado de “arranjar a documentação utilizada nas fraudes e a proceder invasões de terras na região”, segundo a ação civil pública. Gilson, que está preso, e os prefeitos, que chegaram a ser afastados dos cargos, são suspeitos de chefiar a quadrilha junto com Costa. Procurado, na quarta-feira (28), o ex-secretário não quis dar explicações. “Não tenho nada a te declarar. Seu jornal é terrível”, limitou-se.
Farley Menezes, advogado de Ivonei Abade Brito, ex-diretor-geral do Iter, preso na primeira fase da operação, questionou a detenção e obteve ontem a revogação da prisão. Segundo ele, ela não foi feita com base em inquérito policial. A juíza Aline Martins, que autorizou as prisões, não quis comentar.
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