Rio das Velhas já está em estado de restrição

Igam publicará decreto solicitando redução da retirada de água na região

Angélica Diniz, O Tempo

O rio das Velhas, no trecho monitorado pela estação Santo Hipólito, entrou em Estado de Restrição de Uso, alerta máximo dado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que obriga os usuários da água a reduzir a retirada para consumo humano, irrigação e uso industrial. Mais grave que a restrição do uso é o desastre que a baixa vazão no Velhas tem provocado na região de Santo Hipólito, onde já acontece a proliferação das cianobactérias tóxicas, segundo informou o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Bacia do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), Marcus Vinícius Polignano.

“A baixa vazão do rio, que provocou a restrição, piorou e muito a qualidade das águas do Velhas. As cianobactérias estão se espalhando pela bacia, o que inviabiliza o uso da água para qualquer fim”, alertou.

As cianobactérias produzem e liberam substâncias tóxicas, que podem provocar envenenamento de animais que dividem o mesmo ambiente, atingindo toda a cadeia alimentar, ou contaminar a água potável, provocando doenças em seres humanos. Muitos dos elementos prejudiciais que produzem não podem ser eliminados pelo processo de fervura da água nem por métodos tradicionais usados em estações de tratamento.

“O Velhas está com baixa capacidade de diluição, o que compromete toda a sua vida aquática até o rio São Francisco. As espécies e a própria vitalidade do rio das Velhas estão ameaçadas”, ressaltou Polignano.

O trecho em restrição atinge os municípios de Curvelo, Cordisburgo, Inimutaba, Santo Hipólito, Presidente Juscelino e Santana de Pirapama. Nos últimos sete dias monitorados por estações da Agência Nacional das Águas (ANA), a vazão chegou por sete dias consecutivos a 29,9 metros cúbicos por segundo (m³/s), 70% abaixo do nível mais baixo medido nos últimos 10 anos (Q7,10). A Q7,10 no trecho é de 45,5 m³/s.

A Gerência de Monitoramento Hidrometeorológico e Eventos Críticos do Igam já encaminhou à sua área responsável o pedido para publicação do decreto que determina a restrição para outorgados.

grafico rio das velhasHonório Bicalho preocupa Comitê

Na porção hidrográfica do rio das Velhas em que foi decretada a escassez hídrica, as licenças para uso da água não atingem tanto o consumo humano, segundo o presidente do CBH do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano. Ele afirmou que o abastecimento humano é mais preocupante na Estação Honório Bicalho, em Nova Lima, de onde sai 60% da água que abastece Belo Horizonte.

O monitoramento do Igam mostra que a vazão está entre 11 e 12 m³/s, bem próximo de atingir o menor nível dos últimos 10 anos (Q7,10) que é de 10,25 m³/s. Hoje, na Estação Honório Bicalho a classificação é Estado de Alerta.

“Hoje, são retiradas do trecho 7,5 m³/s de água, sendo 6,5 m³/s só pela Copasa. Isso é muito mais do que o rio pode suportar. As autoridades precisam entender que a crise não é de abastecimento, a crise está nos rios”, defendeu. Polignano frisou que há muito tempo a bacia sofre com a falta de gestão. Os baixos níveis do rio das Velhas comprometem o rio São Francisco em todo seu deslocamento até o mar, assegurou.

O ambientalista também se posicionou contra a decisão da construção de um reservatório no rio das Velhas, para garantir abastecimento da Grande BH. Ainda este mês, o anúncio foi feito pelo governo de Minas. “O rio está sofrendo, dando sinais de piora. Ele precisa é produzir água”, finalizou.

Imagem: Tóxico. Baixa vazão reduz a qualidade da água do rio das Velhas que está repleto de cianobactérias (Projeto Manuelzão)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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