Canjerê: 1º Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais – 6 a 8 de novembro, em BH

De 6 a 8 de novembro, será realizado em Belo Horizonte o Canjerê – 1o Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais. Ao longo dos três dias, o público poderá conferir feira de artesanato, produtos agrícolas e da culinária quilombola, apresentações de grupos culturais, shows com artistas reconhecidos da música afro-mineira, debates, oficinas e cortejo (veja abaixo programação completa).

Do Festival, que será realizado na Funarte MG (Rua Januária, 68, Floresta) e terá entrada gratuita, farão parte 60 comunidades quilombolas vindas de 27 municípios mineiros. O Canjerê é uma iniciativa da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo), que articula as comunidades de todas as regiões do estado. A abertura oficial será no dia 6, às 18h.

Para as comunidades quilombolas, a cultura sintetiza a existência, a ancestralidade e a tradição. De um lado, o Canjerê permitirá que a população de Belo Horizonte e de Minas Gerais conheça a riqueza das manifestações culturais negras que constituíram o país e o estado e que, a despeito dessa importância, ainda encontram-se sobre um manto de invisibilidade. Do outro, pretende reforçar a necessidade de reconhecimento e de proteção. Pesquisa divulgada em 2013 pelo Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva revela que, em Minas Gerais, existem cerca de 500 comunidades quilombolas identificadas. Contudo, o acesso à informação, ao reconhecimento legal e às ações de apoio econômico e de infraestrutura previstas pelo Programa Brasil Quilombola ainda não são efetivas na maior parte delas.

O Canjerê conta com patrocínio da CODEMIG por meio do Edital de Seleção Pública de Patrocínio a Eventos da Secretaria de Estado de Governo de Mina Gerais (Segov) e apoios do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG, da Superintendência Regional do IPHAN em Minas Gerais, da Secretaria de Estado de Cultural de Minas Gerais – Superintendência de Interiorização e Ação Cultural, do Ministério Público do Estado de Minas Gerais – Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social, dentre outros.

N’ Golo

Rompendo com uma concepção histórica do termo quilombo, os remanescentes quilombolas emergiram o cenário político brasileiro mediante reconhecimento enquanto sujeitos de direitos, tendo na Constituição de 1988 o advento de uma nova conceituação. Designados como: “grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida”, essas comunidades saíram de uma histórica invisibilidade, tida até então como uma estratégia de sobrevivência dos antigos quilombos.

Com o reconhecimento desses grupos enquanto uma categoria social e a consequente promulgação de direitos específicos – pautados pela afirmação de uma reparação diante de uma desigualdade historicamente estabelecida – o tema passou a ser pauta em âmbito acadêmico, cultural, político e, principalmente, nos movimentos sociais. Em Minas Gerais, a representatividade política se deu através da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo), criada em 2005. A instituição tem colocado na pauta política a emergência de políticas públicas efetivas e de uma maior intervenção junto às comunidades remanescentes de quilombos do estado.

Programação

Dia 06/11, sexta-feira, de 15 às 22h

Subida do mastro: Guarda de Moçambique de São Benedito (Carrapatos da Tabatinga) e Candombe do Matição. Filhos de Zambi (Arturos) e show com Sérgio Pererê

Dia 07/11, sábado, de 11 às 22h

Candombe e Grupo de Dança (Açude), Folia de Reis e Dança de Roda (São Félix), Folia de Reis, Caboclinho e Cantiga de Roda (Espinho),Batuque (Indaiá do Barro Preto), Dança da Mumbuca (Córrego Mestre), Batuque (Brejo dos Criolos), Batuque de Crianças (Baú), Danças de Congado (Brejo, Mocó dos Pretos, Vila Santo Isodoro, Catitu do Meio, Misericórdia, Gravatá, Água Suja e Quebra Bateia), Folia de Reis e Batuque (Gurutuba), Batuque da Lapinha (Lapinha) e shows com Sempre Samba (Carrapatos da Tabatinga) e Pereira da Viola

Dia 08/11, domingo, de 10 às 18h

10h – Cortejo com Irmandades do Rosário da FUNARTE até a Igreja São José, no Centro, e descida do mastro: Guarda de Moçambique de São Benedito (Carrapatos da Tabatinga), Congado de Berilo e Chapada do Norte (Brejo, Mocó dos Pretos, Vila Santo Isodoro, Catitu do Meio, Misericórdia, Gravatá, Água Suja e Quebra Bateia), Reinado dos Arturos, Guarda de Moçambique (Sapé/Marinhos), Congo de Córrego de Meio, Catopê de Milho Verde (Ausente) e Marujada de ASCAXAR. Grupo Minorê Dança Afro (Carrapatos da Tabatinga) e Capoeira e Samba de Roda (Manzo Ngunzo Kaiango)

Durante todos os dias: feira de artesanato, produção agrícola, bebidas e culinária quilombola. 

Comunidades participantes:

Arturos (Contagem-MG),  Ascaxar (Dom Joaquim-MG), Baú, Ausente, Fazenda Santa Cruz, Queimadas e Vila Nova (Serro-MG), Brejo dos Crioulos (São João da Ponte-MG), Roça Grande (Berilo-MG), Buraquinhos, São Felix e São José do Barro Vermelho (Chapada Gaúcha-MG), Buriti do Meio e Bom Jardim da Prata (São Francisco-MG), Carneiro, Água Limpa de Cima, Água Limpa, Santa Cruz e Água Preta de Baixo (Ouro Verde de Minas-MG), Carrapatos da Tabatinga (Bom Despacho-MG), Chacrinha dos Pretos (Belo Vale-MG), Espinho (Gouveia-MG), Gurutuba (Jaíba-MG), Indaiá e Barro Preto (Antônio Dias-MG), Ivo (Braúnas-MG), Mangueiras e Manzo Ngunzo Kaiango (Belo Horizonte-MG), Marobá e Marobá dos Teixeira (Almenara-MG), Mumbuca (Jequitinhonha-MG), Onça de Cima, Pega, Curral Novo, Almas, Capim Puba e União do Rosário (Virgem da Lapa-MG), Pradinho (Bertópolis-MG), Raiz (Presidente Kubitscheck-MG), Três Barras, Buraco e Cubas (Conceição do Mato Dentro-MG), Sapé e Marinhos (Brumadinho-MG), Alegre (Januária-MG) e Quilombo Praia (Manga-MG).

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.