MS pede ação do Exército em área de conflito entre indígenas e fazendeiros

Nota: seria cômico se não fosse ridícula, em vez de trágica, a atual tentativa da imprensa empresarial de manipular o sentido das palavras, transformando em “retomada” a ação dos por ela chamados de “proprietários rurais”. Como pode ser visto no exemplo abaixo, agora indígenas “invadem” e “ocupam”; ruralistas, jagunços e pistoleiros “retomam”. Como se não bastasse, as referências a Simião Vilhalva, o jovem assassinado, são tão cheias de condicionais (como se não bastasse as declarações de advogados e políticos, ontem, de que o corpo teria de 24 a 36 horas de morto), que só falta efetivamente dizerem ter ele cometido suicídio! (Tania Pacheco).

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Pedido foi enviado nesta segunda-feira (31) à Presidência da República. Indígena foi morto a tiros em área de conflito em Antônio João, no sábado.

Por Gabriela Pavão do G1 MS

O governo de Mato Grosso do Sul quer que o Exército atue na área de conflito entre indígenas e fazendeiros na região de Antônio João, a 301 km de Campo Grande, onde um indígena foi morto a tiros no sábado (29). A informação foi divulgada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) nesta segunda-feira (31), após reunião com representantes da segurança pública.

O pedido foi feito à Presidência da República em ofício encaminhado à Brasília (DF), por email, nesta manhã. Segundo a assessoria de imprensa do governo estadual, no sábado (29), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em contato com o governador, antecipou que a presidente Dilma Rousseff vai assinar um decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que autoriza o deslocamento de tropas do Exército para a região.

“Queremos distensionar o ambiente de conflito e poder restabelecer a paz e o diálogo. Queremos estabelecer o lado da paz e da ordem dentro de Mato Grosso do Sul. Nós vamos ter isso com o Exército coordenando as forças de segurança pública, a Polícia Federal, a Força Nacional e as polícias Militar e Civil do Estado”, afirmou Azambuja.

Propriedades rurais na região de fronteira do Brasil com o Paraguai estão sob clima de tensão há cerca de duas semanas, quando um grupo de 80 indígenas ocupou [sic] cinco fazendas em Antônio João.

O pedido de instrumento de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) será para que o Exército possa atuar na região de conflito, juntamente com a Polícia Federal e a Força Nacional, que já trabalham na região, segundo o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

O chefe do executivo estadual informou que o pedido oficial de deve ser encaminhado à Presidência da República ainda nesta segunda-feira (31) e que a reunião foi feita para planejar ações militares na área de conflito. O objetivo é acalmar os ânimos e fortalecer o diálogo.

Os secretários de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Silvio Maluf, e de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, além do comandante Militar do Oeste, general de divisão Paulo Humberto Cesar de Oliveira, o comandante de operações do Comando Militar do Oeste, general de brigada Carlos Sérgio Câmara Saul; além de representantes da Polícia Federal, do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e parlamentares estaduais.

O rapaz de 24 anos foi morto a tiros no sábado (29), quando indígenas e fazendeiros entraram em conflito durante a retomada [sic!] das propriedades. O indígena estava perto de um córrego, dentro de uma das fazendas invadidas [sic], quando foi atingido por tiros.

Emergência

Por conta da tensão na região, o prefeito de Antônio João, Selso Lozano (PT), decretou situação de emergência.

A medida, conforme ele disse ao G1, foi tomada para auxiliar tantos as famílias do distrito de Campestre, que fica na área de conflito, e que acabaram deixando suas casas com medo dos reflexos da disputa fundiária, quanto os indígenas, que estariam passando fome.

Confronto

Segundo a Polícia Militar, nove propriedades rurais da região foram ocupadas [sic] por aproximadamente mil índios da aldeia Marangatu. Existe, inclusive, a suspeita de que índios paraguaios também estejam participando das invasões. [SIC]

No sábado, fazendeiros que tiveram propriedades ocupadas [sic] deram início ao processo de retomada [sic] da sede da fazenda Barra. De acordo com a Polícia Militar de Antônio João, eles decidiram retomá-las [sic]  ‘à força’ após uma reunião com autoridades políticas no Sindicato Rural da cidade.

Ainda neste sábado, por volta das 15h (de MS) foi encontrado o corpo de um indígena de 24 anos, que teria sido [sic] morto com disparo de arma de fogo quando estaria [sic] bebendo água em um córrego dentro da fazenda Fronteira, uma das áreas ocupadas [sic] pelos índios e que estava sendo retomada [sic] pelos produtores.

O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Antônio João como homicídio e continua sendo investigado pela polícia. O corpo foi encaminhado para exame necroscópico.

Os produtores rurais reagiram as ocupações, inicialmente bloqueando em protesto a rodovia MS-384, entre Antônio João e Bela Vista. O último bloqueio ocorreu na tarde de sexta-feira (28).

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