Conflito de terras mata mais uma “Margarida” no Amazonas: Dona Dora, líder da comunidade Portelinha

Patricia Cabral

Estamos de luto e clamando por justiça, juntamente com os moradores da Comunidade Portelinha, no Km 28, Ramal Serra Baixa, do Município de Iranduba. Recebi ainda há pouco telefonema do secretário adjunto de segurança, comunicando que Maria das Dores dos Santos Salvador (a Dona Dora), líder da comunidade, foi sequestrada ontem, assassinada e seu corpo encontrado hoje pela manhã.

Dona Dora e os comunitários já haviam denunciando perseguições e ameaçadas por parte de pessoas que se diziam donos das terras. Pediram de todos os órgãos competentes reforço na segurança da comunidade.

No dia 28 de abril, estivemos com ela na Secretaria de Segurança para pedir apoio e providências; e no dia 24 de junho, ela esteve aqui no plenário da Assembleia Legislativa, em Cessão de Tempo, pedindo nosso apoio contra os atos e ameaças de morte. Nada foi feito!

É necessário que o governador peça rigor nessa investigação. O secretário de segurança precisa ir a fundo nas investigações e prender quem cometeu esse crime. É preciso que o Governo faça um plano de segurança para a região do Iranduba. Há muitos interesses financeiros, de imobiliárias, grileiros e pessoas se autointitulam donos das terras, que há anos é moradia de pessoas simples, trabalhadoras e humildes.

Me emocionei hoje ao falar sobre o assunto na Assembleia. Lamentamos profundamente que mais uma líder, uma mulher que lutava pelos direitos da comunidade tenha sido assassinada. Um fato muito semelhante ao que vitimou Margarida Maria Alves e criou a Marcha das Margaridas, que esta semana levou às ruas milhares de mulheres clamando por justiça.

Dona Dora não era invasora nem estava em ocupação. Ela morava lá há anos, lutava por seu direito e de outros comunitários. E se algo não for feito, mais assassinatos podem acontecer!

Minha solidariedade aos familiares e amigos de Dona Dora. Vamos insistir para que esse crime não fique impune!

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