Comunidades se mobilizam contra mineradora Anglo American

Moradores fecharam rodovia; eles acusam empresa de cometer abusos e exigem o reconhecimento dos direitos de atingidos

Por Geovane Assis da Rocha e Juliana Deprá Stelzer – Brasil de Fato

De Conceição do Mato Dentro (MG)

Cerca de 80 pessoas das comunidades Turco, Cabeceira do Turco, Água Quente, Sapo e Serra da Ferrugem, em Conceição do Mato Dentro, a 167 km de Belo Horizonte, fecharam o trecho da rodovia MG-010, entre Conceição e Alvorada de Minas, principal acesso à mina da Anglo American, na tarde de terça (28) e quarta (29). Elas reivindicam o reconhecimento das comunidades como atingidas pela mineração e denunciam violação de direitos como a perda de córregos e nascentes, rachaduras nas casas causadas pelo mineroduto, poluição do ar, intensos ruídos, aumento de alcoolismo, de violência e até casos de estupro.

Elias, que é morador da comunidade do Turco e uma das lideranças do movimento, diz que as comunidades já fizeram várias manifestações, mas suas reinvindicações ainda não foram atendidas pela empresa. “A primeira vez paramos por causa dos tremores que o mineroduto causa. A Anglo firmou um acordo com a gente para resolver a questão, mas não resolveram. Agora queremos algo mais sério, uma reunião com a Supram, com a prefeitura, com o pessoal dos direitos humanos, com a empresa e Ministério Público Federal e Estadual, porque tem famílias aí que não têm água nem pra beber”, explica. “Queremos ser reconhecidos como atingidos e indenizados por todos danos que eles estão nos causando”, completa.

Os moradores relatam que o mineroduto que liga a mina ao porto no Rio de Janeiro, com aproximadamente 450 km de extensão, está causando problemas nos lugares por onde ele passa. “Eu moro a 50 metros do mineroduto e não consigo nem colocar um quadro na parede por causa dos tremores. A Anglo disse que iria fazer um levantamento dos problemas, mas alegaram que as rachaduras nas casas não são causadas pela trepidação do mineroduto, mas porque nossas casas não estão nos parâmetros certos de fundação”, reclama Viviane, moradora da comunidade do Sapo.

Proposta não agradou

A empresa esteve no local da manifestação, porém a proposta apresentada não foi acatada pelos manifestantes por não apresentar garantias de que suas reivindicações serão atendidas. Eles aguardam a resposta dos órgãos públicos acionados para mediar as negociações e tomar providências em relação às denúncias.

Cerca de 40 famílias foram reassentadas pela empresa, porém muitas ainda permanecem próximas à mina, sofrendo impactos ambientais e sociais sem serem indenizadas e reconhecidas como atingidas. O morador Renato, da comunidade Água Quente, diz que “está morando debaixo de uma barragem de rejeito enorme que foi construída pela Anglo, mas mesmo assim para ela a comunidade não é atingida”.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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