Historiador analisa como movimentos indígenas influenciaram Exército Zapatista no México

Em livro, Igor Luis Andreo mostra como Teologia da Libertação e comunidade indígena foram base de movimento de libertação nacional

Opera Mundi

No livro Teologia da Libertação e Cultura Política Maia Chiapanesa, o historiador Igor Luis Andreo discute como a organização política e social de movimentos indígenas na década de 1970 influenciou anos depois a atuação do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) no México.

“Os estudos sobre o surgimento do Exército Zapatista, muitas vezes, remetem a grupos urbanos que chegaram em Chiapas na década 80. Em contrapartida, pouco se discute sobre as comunidades indígenas, que formaram a base do movimento”, afirma.

O EZLN ganhou força em 1994, quando assumiu o controle de parte da província de Chiapas, desafiando o governo mexicano por mudanças sociais. De acordo com o pesquisador, boa parte das demandas políticas feitas pelos zapatistas na ocasião tiveram influencia do Congresso Indígena de 1974, realizado na cidade de San Cristóbal de las Casas.

“Sob influência da Teologia da Libertação, o Congresso Indígena de 1974 teve grande mobilização popular. Foi a partir dessa experiência que o estigma de inferioridade – muito presente nessas comunidades – passou a se transformar. Logo depois, um processo de organização de movimentos sociais muito grande se formou na região, influenciando a base do Exército Zapatista”, afirma o pesquisador.

Igor Andreo também destaca que a ascensão do movimento zapatista teve importância significativa após a queda do Muro de Berlim, quando os movimentos de esquerda ao redor do mundo viviam período de apreensão com o fim do bloco soviético. “O Exército Zapatista chocou o mundo em um momento que se falava em ‘fim da história’ e em ‘utopia desarmada’”, diz.

Em 2012, manifestação de zapatistas lembrou 15 anos do Massare de Acteal, que deixou 45 indígenas mortos. Agência Efe
Em 2012, manifestação de zapatistas lembrou 15 anos do Massare de Acteal, que deixou 45 indígenas mortos. Agência Efe

Teologia da Libertação e Cultura Política Maia Chiapaneca
Editora: Alameda
Páginas: 313
Preço: R$ 50,00

Leia também:

Origens do EZLN: o Congresso Indígena de San Cristóbal de las Casas*

Comments (2)

  1. Olá, Igor,
    O esclarecimento é muito bem recebido e com certeza será levado em consideração pel@s leitor@s do seu artigo, que de qualquer forma é bastante instigante. E quem desejar pode seguir o link e ler também a resenha.
    Quando tiver outro texto sobre a questão (ou sobre outras dentro do escopo deste blog), teremos prazer em publicar.
    Tudo de bom!
    Tania Pacheco.

  2. Olá, primeiramente agradeço imensamente pela divulgação do livro. No entanto, este meu artigo que os senhores indicam para leitura está bastante desatualizado, porque foi feito antes do início do meu mestrado, cujo livro em questão é resultado e que mudou muita coisa do que eu pensava quando escrevi esse artigo. Talvez fosse mais conveniente sugerir outro artigo, por exemplo, esta resenha do próprio livro publicada em outra revista acadêmica: http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/6566/6288
    Novamente agradeço pela divulgação e também pela atenção.
    Saudações cordiais, Igor L. Andreo.

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