Professor Kaingang é covardemente assassinado em Vicente Dutra (RS)

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Roberto Antonio Liebgott – Cimi Sul – Equipe Porto Alegre

Com pesar e indignação comunicamos o assassinato do professor Kaingang Davi Limeira de Oliveira de 22 anos, da Terra Indígena, Rio dos Índios, no município de Vicente Dutra (RS). O município está localizado numa região, onde ocorrem há décadas, sérios conflitos contra os indígenas em função da luta da comunidade Kaingang pela demarcação e garantia das terras.

Os Kaingang vivem em acampamento há décadas e aguardam que a terra seja demarcada e regularizada pelo governo federal.

Segundo informações repassadas por lideranças indígenas, o professor Davi participava de um evento festivo no município de Vicente Dutra na noite de sexta-feira, 07, de novembro. Por volta de 1h da manhã ocorreu uma pequena confusão entre alguns participantes. Davi foi envolvido e acabou sendo esfaqueado pelas costas. Teve os pulmões perfurados e veio a falecer quase que instantaneamente.

O Cimi Sul espera que efetivamente o assassino seja punido. Imaginemos, neste contexto, se fosse o contrário: se um indígena tivesse esfaqueado pelas costas um branco de Vicente Dutra. A repercussão do fato seria absurdamente grande e criminalizariam todos os povos e comunidades indígenas do estado.

Este fato não pode ser caracterizado como caso isolado. Há na região uma forte campanha contra os indígenas, especialmente no norte do Rio Grande do Sul, por conta da luta dos povos pela demarcação de suas terras. Não podemos esquecer que foi naquela região que os deputados federais Luiz Carlos Heinze (PP/RS) e Alceu Moreira (PMDB/RS) conclamaram toda a população a se manifestar contra os indígenas. Foi lá que eles incitaram a violência e chegaram a sugerir que as pessoas se armassem para enfrentar os indígenas e afirmaram que “indígenas, quilombolas, gays e lésbicas são tudo o que não prestam. Foi em Vicente Dutra também que no final do ano de 2013, os comerciantes do município se negaram a vender alimentos paras os indígenas.

Não podemos deixar de fazer referência a outros casos de violação à vida nos primeiros dias do mês de novembro e uma semana depois do resultado das eleições presidenciais: a jovem Marinalva Guarani-Kaiowá de 27 anos foi encontrada morta às margens da BR-163, próximo ao município de Dourados. Ela foi atingida por 35 golpes de faca; também no Mato Grosso do Sul, no dia 9 de novembro, o jovem Kaiowá,  Adriano Lunes Benites, de 21 anos, foi baleado na perna durante um ataque de pistoleiros contra indígenas da comunidade de Pyelito Kue, localizada na região de Iguatemi.

Assusta constatar que em nosso país seja permitido a segmentos da economia e da política – contrários aos direitos constitucionais dos povos indígenas e quilombolas – agirem impunemente quando promovem o preconceito e as mais variadas formas de violações ao direito à vida. Até quando as autoridades públicas de nosso Brasil continuarão governando, legislando e julgando tendo como horizonte a defesa destes segmentos, que deveriam ser caracterizados como criminosos?

Nossa solidariedade e apoio aos familiares do professor Davi que foi covardemente assassinado e ao povo Kaingang que luta pela defesa de seus direitos.

Comments (1)

  1. A Familia do professor Davi que foi covardemente assassinado com medo da Violencia e falta de garantia á vida passaram a residir na Aldeia de Irai temendo novos ataques por parte dos não indígenas.É uma vergonha Naconal….
    Aos pais do Davi que foi nosso aluno da Nãn ga,luz força e coragem esperamos que justiça seja feito.meus eternos sentimentos.

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